A foto aí de cima é de domingo, último dia da Flip. Olho para mim e sinto toda a felicidade que me cercou durante o festival. Mas nos dias antes da viagem meu estado de espírito era outro. Puro suco de ansiedade e insegurança. Estava receosa de o esquema no trabalho não dar certo. De estar abusando dos meus pais ao pedir para eles ficarem com o Joca por quatro dias. Pavor da estrada, da chuva. E assim fui esquecendo o tanto que eu queria ir à Flip pela primeira vez, o quanto batalhei por isso.
A ansiedade me faz ter medo até das coisas darem certo. Essa é a verdade. Em meio à alegria, senti que precisava encontrar possíveis defeitos. Razões para tudo ruir.
O desfecho, no entanto, foi positivo. Como cheguei nele? Conversando. Contando para o meu marido e amigos o que estava me preocupando. Ouvi deles palavras de garantia, de que aquilo seria legal demais para ficar me estressando com cada detalhe. E aos poucos entrei num modo de redução dos pontos de ansiedade. Deixei de olhar a previsão do tempo e o mapa até à pousada. Desencanei de montar um cronograma apertado com as mesas que eu queria ver. Não anotei mais os nomes daqueles que prometi encontrar. Disse alguns nãos para convites carinhosos.
Espontaneidade. Palavra-chave do mantra que abracei.
E deu tão certo que quase não me reconheci. Pisei em Paraty e me deixei levar. Segui apenas o horário das três mesas principais: Benjamín Labatut, Annie Ernaux e Tamara Klink + Nastassja Martin. O resto fiz conforme a vontade e sem receio de me indispor com alguém. Quem já foi à Flip sabe a maratona que é, uma micareta literária. Não dá para acompanhar nem um décimo da programação que toma a cidade inteira. E mesmo assim é uma delícia.
Além de literatura, teve jogo da copa. Garrafas de cerveja e taças de Jorge Amado enquanto me equilibrava nas pedras do calçadão. Festinha na rua com direito a Belchior. Banho de sol, banho de chuva. Beijos em pessoas queridas. E teve também uma conquista: credencial de imprensa pela newsletter. Não posso esquecer disso. E nem de vocês, leitores destes e-mails. Que vibraram comigo a cada postagem, a cada impressão que compartilhei.
É isso. Acabou, mas foi tão especial. E importante. Um exemplo de que posso controlar sentimentos que tentam me sabotar.
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Enquanto ainda estava na Flip, mandei minhas impressões para quem apoia financeiramente a newsletter. Os textos agora estão abertos para todos:
- Benjamín Labatut e a literatura como assombro
- Annie Ernaux e a vontade de viver intensamente a velhice
- Desaprendendo com Tamara Klink e Nastassja Martin
Flip e proposta de diversificar convidados e trazer editoras fora do eixo
Literatura e a cura pelo espanto
A
fez lindos paralelos entre a avó Lazinha e Annie Ernaux <3A
também foi para a Flip pela primeira vez e eu adorei o apanhado que ela fezLendo o mundo como romancista
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Esta cena de Top Gun <3
Ontem, enviei a news extra de dezembro para os assinantes. Falei do novo livro de Annie Ernaux, O jovem, e listei as indicações de leitura de autores que estiveram na Flip.
Queria ser grande, mas desisti também é livro \o/
E se quiser me acompanhar em tempo nada real: @babibomangelo
tô precisando recitar esse mantra da espontaneidade!
Que delícia (sempre!) te ler!
sabe que a previsão de chuva me atormentou nas semanas pré-flip? tudo bem que moro em Curitiba e aqui qualquer previsão é realmente CHUVA, mas no fim deu tanto sol e foi tão lindo, era só uma questão de se deixar levar. 💜