Foto: O Globo
Benjamín Labatut falou de assombro, de delírio. De ocupar a sombra e a partir dela tatear por sentidos, mas sem a soberba de achar que é possível entender qualquer coisa. “Se iluminássemos o mundo por completo, não poderíamos viver”. O flerte com o abismo veio depois de uma crise pessoal. Saiu dela obcecado pela parte obscura da experiência humana. Daí a atração por cientistas que pensam ter descoberto algo positivo, para depois se confrontarem com o horror gerado por tal conquista.
Falou também da voz que surge quando nos isolamos e de como essa é uma prática importante para quem escreve. Uma espécie de descontaminação, já que durante a convivência diária “falamos com as palavras dos outros, pensamos com as palavras dos outros”. É preciso construir e defender a própria gramática.
E depois enveredou por uma batalha contra a celebrização do autor. Não me levem tão a sério, não me chamem de fenômeno. Não me aplaudam senão vou depender dessa afirmação positiva, brincou. E confundiu também. Quando alguém da plateia perguntou o que seria de nós se a literatura acabasse, disse que literatura não era importante. “Seria bom ter menos livros e menos autores”. No entanto, minutos mais tarde, falou do poder da palavra escrita, que para ele é a ferramenta que mais se aproxima do centro das questões.
O que ficou para mim foi o desejo de despir seu texto dos elementos externos, longe de um pedestal. De que seja lido sem amparo de detalhes da vida pessoal ou a partir de um culto exagerado por tudo que faz. “A literatura não é um concurso de popularidade”, já afirmou Labatut em outros tempos.
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Quando deixamos de entender o mundo é um do livros que mais gostei de ler este ano. Recomendo fortemente, sério. E já estou com A pedra da loucura em mãos, o último lançamento do autor por aqui.
Neste sábado, verei Annie Ernaux e Nastassja Martin <3
que bom que deixei pra ler essa na segunda de manhã, essa cartinha já deixou minha semana melhor <3 deu muita vontade de ler o Benjamín, mais um pra lista!
:*
Adorei ver a sua reflexão sobre aquela mesa tão inclassificável ❤️ você arrasa