Ilustração de Taryn Knight Uma pilha de livros me olha da ponta da mesa. São títulos que quero terminar ou começar, mas estão lá há semanas. Intocados. Acabam preteridos sempre pelo mesmo romance: aquele que estou pesquisando, aquele que já reli uma dezena de vezes — e vou reler outras tantas. Nele, as páginas são familiares. E contêm uma parte de mim. Palavras que espremo nas margens, grudadas às frases da autora original da história. O que está impresso não muda de forma, mas ainda assim se transforma a cada releitura. Quantas versões diferentes um livro pode ganhar? Na minha cabeça já habitam várias. Ganham nuances a partir do que escolho ver — e do que decido ignorar. Exercício que me faz pensar em leitores de tempos distantes, quando não existia a profusão de lançamentos, a quantidade quase sufocante de títulos na estante. Um livro querido era sugado à exaustão. Passava de mão em mão. Os trechos favoritos, declamados. Exemplo:
Ontem, revendo girls, cheguei num episódio que o Ray fica desesperado ao se dar conta de talvez ter perdido seu exemplar de "little women" que herdou de sua avó... Apesar de nunca ter lido, ele argumenta que ela havia comentado nas páginas e que achava uma das personagens a cara dele. Lembrei da cena lendo seu texto.
Ontem, revendo girls, cheguei num episódio que o Ray fica desesperado ao se dar conta de talvez ter perdido seu exemplar de "little women" que herdou de sua avó... Apesar de nunca ter lido, ele argumenta que ela havia comentado nas páginas e que achava uma das personagens a cara dele. Lembrei da cena lendo seu texto.
beijo
não lembrava dessa cena. preciso rever também!