Ilustração de Taryn Knight
Uma pilha de livros me olha da ponta da mesa. São títulos que quero terminar ou começar, mas estão lá há semanas. Intocados. Acabam preteridos sempre pelo mesmo romance: aquele que estou pesquisando, aquele que já reli uma dezena de vezes — e vou reler outras tantas. Nele, as páginas são familiares. E contêm uma parte de mim. Palavras que espremo nas margens, grudadas às frases da autora original da história. O que está impresso não muda de forma, mas ainda assim se transforma a cada releitura. Quantas versões diferentes um livro pode ganhar? Na minha cabeça já habitam várias. Ganham nuances a partir do que escolho ver — e do que decido ignorar. Exercício que me faz pensar em leitores de tempos distantes, quando não existia a profusão de lançamentos, a quantidade quase sufocante de títulos na estante. Um livro querido era sugado à exaustão. Passava de mão em mão. Os trechos favoritos, declamados. Exemplo: Mulherzinhas e o caráter de tesouro que recebe de Lenu e Lila, em Amiga genial. Ou então Jane Eyre, tábua de salvação na série Anne with an e. Experiências literárias que soam despropositadas na era das metas. A pressa presenteia com números, mas não com laços.
Sobre vergonha e a versão sem preparo — texto meu publicado na newsletter da querida Carol Ruhman Sandler
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Vídeo bonito sobre tradução <3
O uso da língua em romances contemporâneos nacionais — vale muito ler a segunda parte desta newsletter da Carol Bensimon — dica da Priscila Pacheco
Um curso: Elena Ferrante e Domenico Starnone — literatura comparada e psicanálise
E lembrando que em novembro tem oficina sobre a adaptação para a TV de Pessoas Normais, de Sally Rooney
Queria ser grande, mas desisti também é livro \o/
E se quiser me acompanhar em tempo nada real: @babibomangelo
Ontem, revendo girls, cheguei num episódio que o Ray fica desesperado ao se dar conta de talvez ter perdido seu exemplar de "little women" que herdou de sua avó... Apesar de nunca ter lido, ele argumenta que ela havia comentado nas páginas e que achava uma das personagens a cara dele. Lembrei da cena lendo seu texto.
beijo