post de Ellora Haonne
Tenho uma raiva em mim que não sei onde colocar. Ela não some com o passar dos dias, não é esquecida depois que o noticiário arrefece. Não, ela só cresce. Se alimenta de cada novo caso de violência contra a mulher. Um atrás do outro. Mais chocantes, mais frequentes. Causam uma onda de repulsa que nunca dá em nada — a não ser em dor. Dor que lateja, que leva a desabafos com amigas e choros indignados ao ler novos relatos. Quanto medo dá para suportar sem quebrar? Sem perder a esperança por completo? No começo da vida adulta, a impressão que eu tinha é que as conquistas seguiriam sempre em frente. Minha vida já era imensamente melhor do que a da minha mãe. Com mais liberdade e possibilidades. Mas algumas coisas nunca mudaram. O andar apressado na rua ainda é o mesmo. A mão na maçaneta da porta do táxi, pronta para pular, ainda é a mesma. A vulnerabilidade dos nossos corpos. A falta de poder sobre nossos úteros. As agressões diárias que normalizamos. Qual é o ponto de quebra? Quando chega o momento de revolta extrema pelo que fizeram e fazem conosco?
Virginia Woolf — sempre ela — escreveu em 1939 sobre o abuso sexual que sofreu quando criança pelas mãos de um amigo da família:
Eu me lembro do meu ressentimento, do meu desgosto - qual a palavra para um sentimento tão estupefato, tão complexo? Decerto foi um sentimento forte, se dele ainda me recordo. Isso parece apontar que o sentimento em relação a certas partes do corpo; de que não se deve tocá-las; de que é errado permitir que sejam tocadas; deve ser instintivo. Demonstra que Virginia Stephen não nasceu em 25 de janeiro de 1882, mas milhares de anos atrás, e que desde o princípio teve de se haver com instintos adquiridos por milhares de suas ancestrais no passado. — trecho de Um esboço do passado
Violência ancestral. E sem perspectiva de acabar.
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Sobre o ruído contínuo da vida parental, e uma hora necessária de silêncio
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Curso Feminismo e Arte - indico MUITO tudo que a Débora Tavares faz <3
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Sobre estar em trânsito
O trajeto que inspirou Guimarães Rosa a escrever Grande Sertão: Veredas - daquelas reportagens que são um abraço <3
Domingo passado foi meu aniversário e reuni os amigos lá em casa pela primeira vez em muito tempo — e receber pessoas é das minhas coisas favoritas ;) Aqui tem oito dicas bem bacanas para quando você for dar uma festinha \o/
E deixo aqui um agradecimento emocionado pelo carinho com que receberam a edição extra para assinantes <3 Ainda tem muita coisa bacana por vir!
Queria ser grande, mas desisti também é livro \o/
E se quiser me acompanhar em tempo nada real: @babibomangelo
deleitada num texto que me absorveu tanto, encontrei um pedacinho de mim... e UOOOW! tenho nem roupa pra tá aqui! haha!
obrigada pelo carinho e pelas reflexões semanais! ansiosa com o que está por vir!
Obrigada por dar voz e ordem à raiva e desesperança que sinto aqui…. Edição perfeita, dicas maravilhosas, texto perfeito