Na coreografia da aproximação, gosto de observar o momento que antecede a consciência do amor, aquele em que se espreita tudo o que o outro faz com interesse aficionado e, quase sem perceber, notas mentais começam a se formar. Sobre o modo como a pessoa chega apressada às terças e quintas, com o cabelo molhado, pingando. Como puxa as pelinhas da boca com os dentes quando nervosa. Como reluta a mostrar que está afim, mas não consegue esconder um sorriso. Como faz o mesmíssimo prato no restaurante por quilo. Como não resiste ao quiosque que vende balas de goma em saquinhos. Esse inventário de singularidades é tão intenso que uma hora ele escapa em algum comentário displicente. E aí é o ponto de virada. O outro saca que é objeto de admiração, de desejo, e as coisas podem enfim andar (ou não).
Momentos em que essas informações transbordam são os meus favoritos em histórias de amor. Ronda a minha cabeça a cena em que Mr. Darcy diz a Elizabeth que sabe, sim, o tanto que ela gosta de caminhar. Ele com um expressão de quem está completamente entregue; ela, constrangida e lisonjeada. E como não denunciar minha adolescência regada a séries de TVs e citar Pacey e Joey? Os dois dançando na formatura, ele descarta os brincos chiques que emprestaram para ela e passa a elogiar a pulseira mais simples, mais parecida com o estilo da garota. A joia, é claro, é da mãe dela e ele lembra, ele lembra de tudo.
Quem mais tem exemplos assim? Me conta? Estou colecionando ;)
Força de vontade é bobagem
A rata que não sabia ser mediana
Sobre obsessões e finalizar projetos grandes
Carol Bensimon contando sobre a tradução de A trama das árvores, de Richard Powers — livro que está super na minha lista (eu amei Deslumbramento)
Como eu gosto do podcast Critics at large <3 O episódio desta semana é uma rodada de conselhos culturais e tem menção a Caetano Veloso
Autoficção, pacto autobiográfico e a morte do autor
Combates e metamorfoses de classe
Rosamund Pike, nossa Jane Bennet, escolhendo seus filmes favoritos
A personalização está nos isolando?
Tenho gostado da experiência de envelhecer
E agora está liberado para todos o vídeo com o registro da defesa do mestrado e a arrumação da estante \o/
Queria ser grande, mas desisti também é livro \o/
E se quiser me acompanhar em tempo nada real: @babibomangelo
Muita sensibilidades nas observações dos detalhes do SER apaixonado. Parabéns pelo artigo
Bárbara, voltando aqui pra agradecer pela indicação do álbum da Lucy Dacus. Maravilhoso!
Muito bom ter curadoria de carne e osso pra fugir da mesmice que o Spotify quer nos empurrar.