#260 Queria ser grande, mas desisti

preservar partes de mim

fotografia de Hanna Putz

Eu gosto dos começos. Da coreografia da aproximação. De quando alguém que eu mal conheço passa a ser um território que posso percorrer de olhos fechados. Gosto da carta branca que recebo pra acessar o corpo desse outro, que se torna um pouco meu também. Aquele jeito de encostar que só quem está junto se encosta. Uma sobreposição de mãos e pernas. De cheiros. Mas eu gosto ainda mais da fase da diferenciação. Quando, depois dos primeiros tempos intensos e de fusão, vem a respiração mais lenta, segura de si. Vem a etapa de retorno aos interesses que são só meus, que são difíceis de dividir porque acontecem dentro. E respeitar esse espaço particular é para mim uma das maiores generosidades das relações maduras. Entender e, mais do que isso, celebrar que sempre terá uma parte do outro que restará inacessível. Um mistério em movimento. Que ora se deixa entrever, ora se fecha por completo. E eu gosto disso. De preservar porções de mim para mim mesma. De continuar a ser eu ainda que dançando em dupla.

Hoje, liberei para todos o vídeo-relato da Flip. É um registro das melhores mesas que acompanhei, mas também uma prévia dos livros que mais me marcaram no ano \o/

Semana que vem, os apoiadores da newsletter vão receber o vídeo da montagem da lista de desejos para a Festa do Livro da USP — o MELHOR momento do ano para comprar livros, sério

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E estou à espera do lançamento de Apesar de, dirigido pela incrível

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, sobre a artista Georgia Bergamim que foi abusada sexualmente pelo padrasto durante a infância. Um tema difícil, mas que jamais deixará de existir se não falarmos dele.

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Queria ser grande, mas desisti também é livro \o/
E se quiser me acompanhar em tempo nada real: @babibomangelo