Em meio a esses dias exaustivos, retornei muitas vezes a uma mesma história. A de um menino de seis anos que não gosta de ovos. De jeito nenhum. Os pais dele, incomodados com o desdém por esse alimento tão prático, decidem, então, aproveitar uma viagem à França para mostrar as muitas formas de preparo, na esperança de que alguma delas conquiste Ollie. Contada assim, parece um relato banal, pequeno. E poderia ser se o New York Times não tivesse produzido uma reportagem linda e engenhosa a partir desse fato singelo. Uma tela que roda como se fosse um feed de rede social, mas que deixa uma impressão nada frenética ou ansiosa. Que faz a gente acompanhar com calma cada expressão do garoto, cada detalhe das receitas apresentadas a ele.
Como nem todos conseguem abrir as reportagens do jornal, fiz um vídeo de uma parte do site:
Foi um alívio ver algo assim num grande jornal, mas acima de tudo na internet. Faz uns dias, esbravejei sobre a quantidade de imagens idênticas, de personas replicadas ao infinito. Hoje, vim celebrar as coisas bacanas que existem e que me seguram firme nesse rolê. Ainda dá vontade de correr e desligar o wi-fi do mundo? Pra caramba, várias vezes ao dia. Mas quando estou quase pulando fora, esbarro em uma pessoa legal, em um texto que deixa a cabeça fervilhando, em uma indicação que se encaixa com as minhas pesquisas. E aí fico. Tento de novo, de novo e de novo manter uma relação saudável com tudo que está no meu celular ou no computador. Dura por um tempo — sempre curto. Mal do nosso tempo.
Agradeço DEMAIS a querida Renata Matarazzo por ter me enviado o link dos ovos no meio do expediente e, assim, melhorar absurdamente o meu dia <3
Esse papo sobre internet tem rolado no grupo de escritoras de newsletter do qual faço parte. E a Rê Corrêa publicou um relato de vinte dias sem celular e internet
Também circulou por lá a edição do New Plan Journal sobre o celular como extensão do nosso corpo
Adiciono à lista este texto aqui: sempre online, mas emocionalmente off
E aproveito para contar que estaremos na Flip para falar de newsletter SIM \O/
Na quinta, às 20h,
, e falarão na Casa Escreva, Garota!E na sexta, às 18h30, vou participar junto com
, e de uma roda de conversa lá na Casa Libre
Guia crítico e afetuoso da Flip
Um ensaio sobre estar no mundo
Sugestões de leitura para celebrar o dia da tradução
Uma conversa com a incrível Laura Wittner <3
Só é leitor recluso e solitário quem quer
7 coisas sobre escrita que Hilary Mantel ensinou para uma de suas pupilas — em inglês
O que estou lendo:
A mais recôndita memória dos homens, de Mohamed Mbougar Sarr e traduzido por Diogo Cardoso — gente, QUE LIVRO BOM!
e terminando O homem não existe, de Ligia Gonçalves Diniz — excelente também!
Queria ser grande, mas desisti também é livro \o/
E se quiser me acompanhar em tempo nada real: @babibomangelo
Sabe que eu ando cada vez mais saturada da maneira em que tudo é muito breve nas redes, mal publico nada, mas faço questão de acompanhar quem vai na contramão dessa correria ou exigência por estar sempre online "quem não é visto, não é lembrado" - é um ditado tão triste se a gente traz pro universo da internet. Como podemos esquecer das pessoas/coisas que a gente gosta, não é mesmo? Mas encontro o conforto nos esporádicos stories que você posta, nos vídeos longos de conversa no youtube, nos textos longos das suas newsletters e das que você indica. Gosto dessa robustez e de passar mais tempo me conectando de certa forma com essas pessoas e conteúdos. Amei absolutamente todas as suas indicações nessa edição, você é uma das pessoas que faz da internet um lugar muito bacana Babi <3
Eu adorei a matéria do ovo. Inicialmente pensei: Não estou acreditando. Na sequência já estava completamente envolvida. Saber contar uma história, seja ela qual for, realmente conta.