#220 Queria ser grande, mas desisti

sobre as credenciais a que tenho direito, mas das quais não me aproprio

Ilustração de Giulia Ripa

Eu demoro a assumir as credenciais a que tenho direito. Por exemplo, sou jornalista de TV há quinze anos, mas dificilmente você vai me ouvir falando que sou uma especialista. Que tenho algo para ensinar, que sei minimamente do riscado. Faço comentários esparsos, mas na defensiva, com pitadas autodepreciativas. Principalmente entre os colegas. Tem tanta gente que sabe mais do que eu. Em 2019, assumi a editoria de política do jornal em que trabalho. Cargo importante e tal, mas por quase um ano tive vergonha de usar o título. Sei lá, tinha medo de pensarem que eu estava me achando mais do que era. De que vestia uma roupa que não era minha. Não bastava executar o trabalho, faltava algum tipo de chancela. Que chancela? Não tenho a menor ideia. Só sei que sempre fico à espera desse carimbo. Faz um tempo, escrevi sobre a dificuldade de me apresentar como escritora. Sigo na mesma. E agora adicionei à lista uma nova credencial da qual não consigo me apropriar: pesquisadora em formação. Estou fazendo uma pesquisa acadêmica no mestrado? Estou. Outras pessoas que estão no mesmo caminho se chamam de pesquisadoras? Sim. Então, eu também sou, né? Não muito, não com certeza. Não na minha cabeça. E é muito louco porque eu acredito demais na qualidade do que faço. Divulgo meus projetos, dou a cara à tapa a críticas que possam surgir. Outra coisa completamente diferente é me portar como referência, como autoridade em determinado tema. Não consigo, não me sinto confortável. Talvez seja preguiça do que acontece nas redes sociais, onde todos são experts em algo, onde qualquer conhecimento está à venda. Ou talvez seja mesmo só um caso clássico de síndrome da impostora. Quem sabe um dia essas barreiras se dissolvam. Enquanto isso, sigo no plano de aprender, fazer e não necessariamente alardear.

Gravar um vídeo sobre os três romances de Sally Rooney foi uma tentativa de tomar para mim um assunto que é tão meu, que gosto tanto e que faz parte do meu dia a dia, literalmente. Quem apoia a newsletter teve acesso ao vídeo na semana passada, junto com algumas referências bacanas sobre a autora — essa parte segue exclusiva, mas o vídeo está liberado \o/

Belo mundo, onde você está é a leitura de março e abril do clube do livro da Associação brasileira de estudos irlandeses, a ABEI

Uma referência de como falar das próprias habilidades é a Ale Garattoni. Recomendo demais a news dela, com destaque para a última edição para assinantes sobre o que ela aprendeu trabalhando em revistas

A mulher que deseja

A escrita do enquanto — uma mãe que escreve não faz parte da imagem que vem à mente quando pensamos em alguém que está a construir um texto

Maternidade e nostalgia

Lasanha de berinjela — que texto <3

A ausência da presença

Escrita, memória e legado — curso novo da Literária, que indico SEMPRE

Eu, você, a escrita e a norma — com a Jana Viscardi, que admiro pra caramba

Vestígios do horror

Um livro que estou de olho

Este aqui já lançou e quero MUITO ler

AMO livros de culinária

Não contem com o fim das livrarias

Ramen ilustrado, oficina que rola no domingo na Japan House, em São Paulo

O poder das comunidades

E aqui aproveito para contar que mandei um áudio para os assinantes da newsletter contando como mudei drasticamente de comportamento no quesito FAZER NOVOS AMIGOS. E olha, os comentários são de encher o coração <3

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Queria ser grande, mas desisti também é livro \o/
E se quiser me acompanhar em tempo nada real: @babibomangelo