Foto de Mariana Vieira Elek
Escrevo esta newsletter há seis anos. Em 2021, publiquei um livro com os melhores textos. O financiamento coletivo foi um sucesso, vendi praticamente tudo. Ainda assim - AINDA ASSIM - tenho dificuldade de me apresentar como escritora. Apelo sempre para o termo jornalista. Sou uma jornalista com um projeto pessoal de escrita (ué, jornalista não escreve?). Como se fosse um hobby, algo menor, apenas complementar. E não é. Escrever é das coisas mais constantes na minha vida, atividade a qual me dedico para valer, para qual sempre retorno. Rola um comprometimento visceral de transformar em palavras aquilo que penso e sinto. De trabalhar cada frase, de pensar em metáforas mais bacanas. De estudar outras escritas para conseguir o impacto que desejo em meus textos. Se esta paixão não faz de mim escritora, o que fará? A publicação por editora grande? Críticas favoráveis na imprensa? Milhares de seguidores nas redes? Qual é o selo de aprovação que falta para que tantas mulheres como eu se sintam confortáveis em vestir o título de escritora? Não sei.
São reflexões que vieram ao final de um dia emocionante. Em meio à feira do livro no Pacaembu, centenas de escritoras mulheres se reuniram para uma foto histórica. Celebração da nossa escrita e também um grito por visibilidade. Encontrei gente querida naquela arquibancada, mas senti falta de muitos nomes. E não só porque não puderam comparecer - algumas não foram por não se sentirem dignas de tal alcunha. Confesso que eu mesma fiquei em dúvida. Isso que faço conta? Segundo a descrição do convite para a foto, conta, sim. NO ENTANTO, PORÉM, TODAVIA, uma voz me dizia que talvez não houvesse equivalência entre o que faço por aqui e o que mulheres fodonas que admiro vêm fazendo. Essa é uma comparação justa? Há comparação possível? Não.
A escrita assume diferentes formas, plataformas, públicos. É preciso que tenhamos espaço para tudo isso. Reconhecimento. Que não aceitemos apenas o lado mais midiático que a escrita pode assumir. Há tantas possibilidades à frente e o primeiro passo é só um: domar a palavra e falar de boca cheia SOU ESCRITORA.
Agradeço imensamente à Giovana Madalosso, Natalia Timerman, Paula Carvalho e tantas outras que organizaram o rolê para a foto sair <3
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Me identifiquei muito. Escrevo desde sempre, desde muito novinha. Agora voltei a escrever 'sério, só que como hobby' porque não consigo me autorizar como escritora. Por que é tão difícil?
Oi, Bárbara, tudo bem?! Acabo de chegar ao seu texto e (nossa) me sinto profundamente identificada. O que esperamos? E de quem?! Se não nós, quem nos autorizará ?
Obrigada por este texto.
Obrigada por escrever =)