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Mar 30Liked by Bárbara Bom Angelo

Babi, acho que esse texto se tornou um dos meus favoritos escritos por você. Eu não sou mãe, e também não sei se pretendo ser um dia, mas sua reflexão me levou para um lugar muito interessante de desmistificação. A "regra" colocada por Sandler do 1 filho e o (suporto) sufocamento criativo pela vivência doméstica me fez pensar nem ao menos se permitem escrever (ou se entregar a qualquer tipo de arte). Penso na quantidade de barreiras que a sociedade vai colocando na nossa frente e começamos a acreditar verdadeiramente que elas existem. Algumas, sim, existem, porém outras parecem ser exclusivamente para nos levar a um canto, com apenas um papel a exercer e nada mais. No fim, me agarro à crença de que não existe uma mesa de escrita perfeita e que devemos desafiar o ~modo correto~ dia após dia. Obrigada por esse texto <3

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Babi, que texto incrível. Amei. Uma das minhas questões com a maternidade - sem nem ainda a ter/ser - era como seria o pós e a escrita. Me ocorreu que me transformaria e me levaria para lugares que sequer imagino, portanto me faria maior. Saberei um dia, talvez. Há também uma ideia de que o ambiente doméstico (e seus afazeres), por ser associado ao feminino, não é espaço de criatividade; como se fosse banal demais, de baixo intelecto. Quantas coisas não foram criadas, na arte e fora dela, justamente pela vivência da vida, família, lar, não é?

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Lembrei de um texto que escrevi no começo da minha maternidade: https://eutertulia.blogspot.com/2021/01/sereias-servicos-e-serendipity.html

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Sep 11, 2022Liked by Bárbara Bom Angelo

Que texto incrível. Bateu fundo por aqui. Quem faz esses modelos "ideais" que tanto nos exclui, não é mesmo? E outra: a maternidade acaba nos tornando ainda mais sensíveis e produtivas. Obrigada pela reflexão.

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Que ensaio, Babi. Li e reli algumas vezes, deixando ele encontrar eco dentro de mim. Me fez bem demais! Obrigada por isso ❤️

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Sep 9, 2022Liked by Bárbara Bom Angelo

Muito bom, Bárbara! Mais um exemplo de escritora mãe é a Elizabeth Gaskell, que inclusive tematizou a maternidade em toda a obra dela. Ela também foi super contraditória em alguns comentários, rs. Veja esse trecho de um capítulo da Deirdre d'Alberti sobre a vida da Gaskell:

"Ela estava bem ciente de que o trabalho da maternidade

tinha uma base sólida em práticas materiais, muitas das quais ela - como a maioria das

mulheres de sua época e classe - era incapaz ou não tinha vontade de realizar.

Descrevendo as duas formas de trabalho como mutuamente excludentes, Gaskell

propôs uma encenação sucessiva de criação de filhos e produção artística:

'Quando eu tinha filhos pequenos, acho que não poderia ter escrito histórias,

porque teria ficado muito absorta em minhas pessoas fictícias para dar atenção

às reais. . . Quando você tiver quarenta anos, e se tiver o dom de ser autora,

escreverá um romance dez vezes melhor do que poderia escrever agora,

apenas porque terá passado por muito mais dos interesses de uma esposa e de

uma mãe.' (L, 694-5)

Escrito em 1862, no que parece ser uma carta ditada, o conselho de Gaskell a essa

aspirante literária desconhecida não pode ser lido de forma descomplicada. Em primeiro

lugar, sabemos que Gaskell escreveu quando seus filhos eram muito pequenos, não

apenas o diário, mas “Clopton Hall” e vários contos publicados anos depois. Na verdade,

sua filha mais nova, Julia, tinha apenas dois anos quando publicou Mary Barton. Apesar

de suas obrigações domésticas, Gaskell sempre escreveu."

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Sep 9, 2022Liked by Bárbara Bom Angelo

<3

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Sep 9, 2022Liked by Bárbara Bom Angelo

Entendo o teto todo seu como um lugar mais ampliado, como condições de sustento e lugar de abrigo, sabe? Imagino que a maternidade produza um 'não-lugar' no espaço da casa, agora habitada em todos os cantos pelos restos do bebê ou da criança, mas se existe esse 'lugar' pra voltar, o abrigo do relento, o alimento na mesa, a cama pra dormir... Não seria esse o teto todo seu também?

Adorei essa edição mais longa, em tom de ensaio, sobre o processo da escrita das mães. Vou enviar no grupitcho da família.

beijos e parabéns!

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Sep 9, 2022Liked by Bárbara Bom Angelo

Oi Babi, gostei da sua reflexão, especialmente pq sei que é uma questão para as mães a solidão e a intensidade da demanda. No entanto, penso que negociar demandas é algo presente na vida de todos que não tem a escrita (literária, ensaística) como fonte de renda, o que é praticamente todes mundes. Eu mesma escrevo esse comentário enquanto troco de ônibus indo pra um dos meus dois trabalhos. Você já escreveu sobre a demanda de outras pessoas e coisas? Gostaria de ler uma reflexão sua, como é, por exemplo, com seu marido e/ou irmãs e irmãos? Embora entenda, claro, que a experiência da maternidade seja primordial. Penso muito na Virgina Wolf em "um teto todo seu". Se não tivermos condições materiais de escrita, sempre vamos ficar com as brechas. Eu tenho, atualmente, esses dois trabalhos, pra poder pagar todas as minhas contas, e pq sonhei em tê-los. Nas poucas horas que me sobram livres no dia, me sinto sempre em dívida na escolha entre cozinhar, passar tempo com meu namorado, ligar pra minha mãe, visitar meu irmão, ir ao cinema que eu tanto amo, ver o mar que tanto me nutre, lembrar aos amigos que eu existo, sempre em dívida. Não consigo mais escrever a newsletter toda semana há muito tempo, mas, apesar disso tudo, amo minha vida e as coisas que consegui fazer. Penso que para escrever mais, preciso abdicar de mais, negociar as dívidas, faltar mãos em outros lugares. Escolhas difíceis, escolhas encolhidas. Bora trocar ideia? Adoro seu trabalho 😘

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Sep 9, 2022Liked by Bárbara Bom Angelo

as mães escrevem! ❤️

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Que presente de edição! <3

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Ficou muito lindo esse texto Bárbara!!! As mães escrevem!! Seja lá como e quando....

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