Ilustração: Kazumi Yoshida
"After great pain, a formal feeling comes.”
É com este trecho de um poema de Emily Dickinson que a escritora Ali Smith começa o artigo que ocupou meus pensamentos durante boa parte da semana. Ela fala sobre a relação da forma literária com a dor coletiva. Depois de grandes mudanças, de rupturas, vem a necessidade de uma nova apresentação. Um jeito que comporte melhor a confusão, as angústias do tempo corrente. Foi assim com o modernismo e a Primeira Guerra Mundial — pelas mãos de Virginia Woolf, Katherine Mansfield, James Joyce, entre tantos. E assim será, ou melhor, já tem sido, ainda que não se note. Ninguém passa incólume por uma pandemia, pelo risco de uma nova grande guerra, pelo medo do uso de armas nucleares. Pelo enfraquecimento das democracias. Pela vida cada vez mais digital. Tudo muda. Os temas, os formatos possíveis de narração. Não que se procure conscientemente por isso. É inevitável. O seguir da vida te faz escrever diferente.
No caso desta newsletter, a mudança é visceral. Do começo de 2020 para cá, passei a escrever sem me ater a parágrafos, a tamanhos de frases aceitáveis, a tempos verbais perfeitos. As palavras saem como saem e me parecem mais verdadeiras, sem a pretensão de que sejam bonitas ou totalmente compreensíveis. Mais do que nunca, este espaço se tornou parte do exercício de compreensão — de assentamento de ideias, de cura, da celebração de conquistas. Sentimentos intensos = formas diferentes.
Topa me contar as mudanças que percebeu na própria escrita?
Tá todo mundo tentando achar algo bom pra contar
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Séries que quero muito começar:
Julia (HBO)
Pachinko (AppleTV)
WeCrashed (AppleTV)
Tenho imensa curiosidade de saber como (e se) vamos sair disso tudo do ponto de vista da sensibilidade e das emoções, mas não crio expectativas sobre mudarmos em curto prazo como humanidade infelizmente. O "vamos sair melhor da pandemia" já baixou bem essa bola hehehe
E eu quero muitooooo essas três series também - e voltar a Amiga Genial 😍
Já assistiu Julie and Julia?