Ilustração: Yelena Bryksenkova
Livros difíceis. Por que ler? Enfrentei a pergunta algumas vezes, vinda de pessoas que me viam carregar por aí Ulysses e O som e a fúria. E a resposta é muito simples: curiosidade. Gosto de saber o que de tão diferente vou encontrar num texto de Joyce, de Faulkner, de Virginia W. O desafio estará na técnica usada? Oi, fluxo de consciência! Ou ficará na conta do enredo (ou na falta dele), na estrutura fragmentada, num tema dolorido? Sinto urgência em desvendar os mistérios, de formar uma opinião própria sobre o que falam dessas obras. E gostar ou não gostar do que encontro passa a ser um mero detalhe. Eu quero é experimentar, me jogar no projeto do autor, notar as artimanhas do texto.
Caetano Galindo, tradutor de Ulysses, falou sobre isso esta semana, quando o livro completou 100 anos:
Nós devemos agradecer quando a gente encontra uma obra que a gente não entende imediatamente. É banal entender as coisas, você entende tudo que te contam. Você entende todas as narrativas. Você entende tudo o que acontece a sua volta. Agora a gente está te dando um privilégio: algo que você não compreende. Algo que você vai ter que trabalhar para entender. Algo que vai te oferecer interesse, como um exercício intelectual. Não necessariamente no sentido cerebral, frio, acadêmico, mas no sentido de empenho sentimental, empático, psicológico, neurológico de todo tipo.
A dificuldade pode ser um tempero interessante, sabe? E não entender absolutamente tudo que está escrito não é necessariamente um problema. Literatura também é sensação.
E na comemoração do centenário de Ulysses, estão publicando cartas trocadas entre Joyce e sua editora e amiga Sylvia Beach, dona da famosa livraria parisiense Shakespeare and Company - o papo envolve as finanças do autor, ui!
Aline Aimee trouxe uma ótima reflexão sobre a escrita para agradar algoritmos - ou até mesmo para agradar um público específico
Oficina de leitura e escrita Mulheres que escrevem, com Estela Rosa e Taís Bravo
O brutal assassinato do congolês Moïse Mugenyi Kabagambe mostra a decadência do nosso projeto de nação
Independência para quem? A antropóloga Lilia Schwarcz e a jornalista portuguesa Isabel Lucas conversam sobre o passado, o presente e o futuro do Brasil - dica da amiga Kanucha Barbosa <3
Comi o melhor croissant da minha vida
E agora quero MUITO provar este bao
14 coisas que a escritora Helen Rosner aprendeu em 40 anos - minha favorita:
"Você pode simplesmente escrever coisas. Um artigo. Um poema. Um livro. Você não precisa esperar que alguém diga que você pode. Você pode apenas fazê-lo. Isso ainda é inacreditável para mim.”
E você? Tem alguma lição para compartilhar? Vou adorar saber <3
Que lindo isso que o Caetano disse! Eu amo livros que sejam assim, "difíceis", que tenham mais camadas que só a primeira, que se revelem aos poucos ou continuem se revelando não importa quantas vezes você leia. <3
Amei tudo! =)