Inventário de uma obsessão: Aftersun, filme de Charlotte Wells
Na madrugada de sexta para sábado, sentei no sofá de casa. E sozinha, aninhada num cobertor, comecei a ver o filme que eu estava aguardando há semanas: Aftersun. Uma narrativa melancólica, de observação. Costurada a partir de imagens gravadas numa câmera caseira e de lembranças parciais dos dias de férias que pai e filha compartilharam na Turquia. Um cenário lindo, de sol, de vida. A menina de onze anos descobrindo que a infância vai ficando para trás. Mas em paralelo, correndo sempre bem próxima a eles, tem uma sombra. O pai, Calum, não está bem. E Sophie não suspeita da dimensão dessa angústia. Somente quando adulta é que vai revisar aqueles dias. Buscar respostas. De um pai que sempre lhe escapa.
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1.
Quem escreveu lindamente sobre Aftersun foi o Mateus Baldi. Ele aproveita a mistura de memórias do filme e acrescenta as dele também:
A melhor chance de sabermos quem somos reside em sabermos quem são as pessoas à nossa volta. Fazer um esforço, tanto quanto possível, para transformá-las não em pais, mães, tios, avós, padrinhos: humanos, figuras tridimensionais, de cujas vidas somos só a interseção. Do contrário, estamos fadados a nos considerar o sol ou o abismo de tudo que nos circunda, e isso, o cinema já ensinou, mas antes dele Bartleby, no século XIX: é melhor não.
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