#98 Queria ser grande, mas desisti
Ilustração: Carmi Grau
É muito louco se ver do outro lado do balcão da maternidade.
Eu, que nos primeiros meses pedia mil conselhos e achava que nunca pegaria o jeito, agora sou procurada por mães recentes em busca de alguma luz para a montanha-russa que é o primeiro ano.
Dou pitacos e faço observações carinhosas com muito gosto, mas não deixo de me surpreender em como raios eu cheguei aqui. Logo eu que fui tão insegura no começo, que só tomava qualquer decisão depois de remoer e chorar em cima das informações que encontrava.
A grande raiz do meu sofrimento, percebo agora, era a vontade - a obsessão - de saber de tudo assim que o bebê deixasse o meu corpo. Porque eu odeio não saber das coisas, odeio ter que pedir ajuda, odeio ter que esperar. Mas esse, minhas amigas, é o primeiro tapa na cara que você toma: o mundo não está sob o seu controle. Um ser que chegou a essa realidade há poucos dias não vai se curvar ao seu vasto conhecimento sobre a maternidade.
Não que não valha a pena ler tudo o que estiver ao seu alcance, mas daí a achar que só isso bastará para ter uma experiência menos caótica... aí é ingenuidade. E como fui ingênua. Sofri, e sofri um pouco mais, até aceitar abrir mão do controle. Bem aos poucos fui relaxando e hoje me vejo num lugar novo.
É um lugar sem culpa, sem ansiedades? JAMAIS. Ainda me cobro por muita coisa besta. Besta mesmo. Tipo ter pelo menos cinco cores no prato do Joaquim todos os dias. Mas vejo que agora é tudo mais leve. Quebro a cabeça por um tempo, mas logo coloco em perspectiva e sigo para curtir o meu menino.
É essa a jornada que tento contar para as amigas queridas.
A vida vai te dar uma rasteira enorme, vai te fazer duvidar do seu bom senso, da sua capacidade de cuidar de outra vida ao mesmo tempo que tenta não pirar. Você vai achar que não tem mais forças, mas, de repente, surge um gás extra. Esse gás te empurra meio sem direção até você pegar no tranco. O tranco começa a ficar mais suave e você percebe que está saindo da concha, desse lugar escuro. O escuro, então, fica pra trás de vez e em pouco tempo você estará aqui comigo: dando conselhos para outra mãe.
Sendo serena quando você achou que nunca mais seria possível <3
Trago uma novidade: agora tenho um link de associado da Amazon. Isso quer dizer que, quando algum de vocês comprar um livro a partir de uma indicação que eu deixar aqui, eu vou receber um pequeno valor em troca. Foi sugestão de uma leitora fiel e que só agora tomei vergonha de ir atrás. Obrigada, Érica <3
Aproveitando a deixa, montei uma lista dos livros que mais quero ler \o/
Pra quem é mãe, quer ser ou é só simpatizante, recomendo TODOS os livros da Rafaela Carvalho. O livro mais recente é o É fase, tão legal quanto os outros e um prato cheio para lavar a alma.
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Quero tanto esse tarô <3
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