#94 Queria ser grande, mas desisti
As cartas ficaram paradas por um motivo bem nobre: férias!
Passei vinte dias viajando com meu marido. Fomos para Lisboa, Roma, Londres e Paris. Andamos muito, comemos bastante, encontramos amigos queridos e dormimos noites inteiras sem sermos acordados por um mini humano de dois anos. Joaquim ficou aqui no Brasil com os avós e ouso dizer que curtiu mais do que a gente.
A saudade bateu em vários momentos, mas no geral lidamos muito bem com a distância. Logo na primeira noite vi a importância de ter um tempo só para nós dois. Conversamos sobre tanta coisa gostosa e, pasmem, nenhum dos assuntos tinha ligação com a rotina. Não falamos da próxima consulta da pediatra, da necessidade de ir ao mercado, dos gastos que se acumulam.
Os papos eram sobre o que faríamos no dia seguinte, onde gostaríamos de comer e até que horas poderíamos dormir. Bem parecido com o começo do casamento, quando o objetivo mais importante era passar a maior quantidade de tempo juntos. Fomos bem felizes durante esses dias de descanso <3
E felizes ficamos em voltar. Que diferença ter um grande e bom motivo para encerrar uma viagem. Que gostoso ver o sorriso do meu filho quando se deu conta de que a gente estava realmente ali, sem nenhuma tela de celular para intermediar o nosso amor.
Filho muda tudo, muda até o sentimento de fim de férias.
Pouco antes de começar a viagem, eu estava numa grande dúvida de que livro começar. Fiz até uma enquete lá no instagram, mas acabei subvertendo o resultado e me joguei em releituras. Não sei vocês, mas quando vou enfrentar o desconhecido - neste caso, voos longos e dramáticos de avião - eu gosto de me aninhar na minha zona de conforto. Então, comecei revisitando O ano do pensamento mágico, da Joan Didion. E que livro. Eu gosto bastante de tudo que ela escreve, mas esse relato do que se passou na mente e no coração dela após a morte do marido é absolutamente arrebatador.
A vida muda rapidamente.
A vida muda em um instante.
Você se senta para jantar, e a vida que você conhecia termina.
Essas foram as primeiras palavras que Didion escreveu depois do baque e é basicamente o mesmo pensamento que me assombrou durante os primeiros meses após a morte do meu pai, há quinze anos. Se você gosta de olhar de frente para sentimentos incômodos, esse livro é pra você.
O outro livro que reli foi Orgulho e preconceito, de Jane Austen. Mesmo sabendo o final, fiquei ansiosa para chegar nos trechos mais empolgantes. Essa história é a grande mãe das comédias românticas, esqueça qualquer preconceito - vide o nome do livro - que você possa ter com esse gênero. O amor cheio de obstáculos de Elizabeth e Darcy é construído de forma tão perfeita que a gente nunca perde o interesse ou pensa que está sendo enrolado.
Outros livros fizeram parte da minha viagem, pois sou dessas que não gasta na Zara, mas sai carregada de histórias. Comprei o pequeno, mas poderoso manifesto da ativista ambiental Greta Thunberg. Pra quem não está ligando o nome à pessoa, ela é aquela adolescente sueca que fez uma greve escolar para chamar a atenção dos parlamentares de seu país para as mudanças climáticas. Esta semana, Greta completou uma viagem de veleiro até Nova York para participar de uma conferência da ONU. Foi bem bacana de acompanhar. E por fim, também trouxe para o Brasil uma edição especial de Persuasão, também da Jane Austen, e Normal People, da Sally Rooney.
Mas acho que vou deixar todos esses livros na fila para começar algum da Virgínia Woolf. Tudo por causa desse episódio de um dos melhores podcasts da atualidade: Bobagens Imperdíveis, da Aline Valek.
Fora isso, estou louca pra ver esse filme aqui sobre uma realidade paralela sem os Beatles
Ri muito dos "problemas" dos outros compilados por este site maravilhoso
E também desse cara que faz comentários sobre cinema
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