#93 Queria ser grande, mas desisti
Ilustração: Joohee Yoon
Comecei a nova temporada de Queer Eye e já chorei cachoeiras.
O primeiro capítulo mostra uma professora de música que se dedicou a vida inteira para estruturar um bom programa de artes para os alunos. Ela começa a trabalhar por volta da 7h da manhã e termina a jornada lá pelas 23h - isso quando termina, porque ela até tem uma cama no escritório.
Num determinado momento do programa, ela é questionada se não parou de olhar para si mesma, de se cuidar, de arranjar um tempo para fazer coisas fora da escola. Ela concorda, mas diz que se dedicar aos outros é algo enraizado. Na época em que era jovem, parar pra pensar nos próprios desejos ou colocá-los como prioridade eram sinônimos de egoísmo. E resumiu: "pulei esse capítulo do EU".
A frase bateu forte aqui. Encontrar um tempo pra mim e pra coisas que eu gosto de fazer é essencial pra minha saúde mental. Ter um filho colocou tudo isso à prova e já foi difícil demais de encarar. Mas conforme o Joca cresce, minha independência cresce também. Então, não consigo nem imaginar o que é passar décadas e décadas sem ter esses momentos exclusivos pra mim.
Eu não consigo imaginar, mas sei que muitas mulheres sim. O espaço da mulher ainda está profundamente ligado ao cuidado - seja com os filhos, com a casa, com o marido ou outros familiares. Mulher que pensa primeiro nela é vista como egoísta, como bem disse a professora da série. Sei disso porque já recebi olhares tortos depois de dizer que tinha amado voltar a trabalhar, que faço cursos durante os finais de semana e que em breve vou viajar de férias por 20 dias sem meu filho.
Isso é egoísmo? Não consigo ver dessa forma, de jeito algum.
Eu amo estar com os meus, me dedicar a eles, mas não consigo fazer isso durante 24h por dia. Não me faz bem. Eu tenho tantos interesses: livros, filmes, viagens, trabalhos manuais. Coisas que faço por mim e por mais ninguém. E que, sendo sincera, ocupam bem menos tempo do que eu gostaria.
Sempre que tentam injetar alguma culpa em mim, faço a seguinte reflexão: o julgamento seria igual se eu fosse um homem? Na maior parte das vezes não seria. Então, jogo a culpa de volta pra pessoa e ela que se vire para lidar com as próprias amarras.
A melhor dica que eu posso te dar esta semana é pegar uns minutos do seu dia e assistir os stories que a Carol Burgo fez sobre positividade tóxica
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Já ouviu falar no movimento No-fly? Eu nunca tinha ouvido, mas entendi que se trata de um pessoal que está deixando de viajar por causa do impacto ambiental dos voos comerciais =O
Eu, obviamente, não faço parte desse rolê, e aproveito para deixar aqui o pedido de dicas para Lisboa, Roma, Londres e Paris <3
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