#87 Queria ser grande, mas desisti
Ilustração: Erik Thor Sandberg
Mas saber que você é bom só te leva até um certo ponto. Em algum momento, você precisa que outra pessoa veja também. Reconhecimento vindo de pessoas que você admira muda a forma como você se enxerga. Billy me enxergava como eu gostaria de ser vista. Não existe nada mais poderoso do que isso. Eu realmente acredito nisso. Todo mundo quer que alguém segure o espelho certo.Daisy Jones & The Six, Taylor Jenkis Reid
Esse trecho aí de cima, traduzido de forma livre, me pegou de jeito. Eu luto muito para não deixar que a validação dos outros seja meu Norte, mas foi impossível não me identificar com a conclusão da personagem principal do livro Daisy Jones & The Six: o forte desejo que temos de controlar a maneira como os outros nos veem.
A coisa funciona mais ou menos assim: alguém te conhece, constrói uma ideia sobre quem você é e aquilo passa a ser verdade no mundo interno desse ser. Raramente temos acesso a esse relatório de personalidade. Não sabemos quais das nossas ações e opiniões foram parar na pilha positiva ou negativa. Não sabemos sequer se a avaliação da pessoa é justa ou não. E, principalmente, não temos a menor ideia do que fazer para mudar essa visão.
Angustiante, não? Daí vem a importância que damos quando encontramos alguém que parece nos entender, que valoriza os pontos que mais gostamos em nós mesmos e releva os defeitos que lutamos para superar. É como se a nossa história fosse enfim publicada do jeito correto, sem distorções causadas por sentimentos subjetivos. É o tal do espelho certo do qual a Daisy Jones fala.
Não é uma tarefa fácil enxergar o outro. É um exercício contínuo de escuta e de empatia. E mesmo que nos esforcemos é bem capaz que nunca consigamos apreender a real essência das pessoas que nos cercam. Chegar perto disso é uma baita sorte, um presente da sincronicidade. Como eu adoro essa palavra <3
O livro Daisy Jones & The Six será lançado em português logo menos, no dia 10 de junho. Se você está procurando por uma leitura viciante, não bobeia. É a história do começo da carreira e da separação de uma banda de rock nos anos 70. Tem uma pegada bem Quase Famosos. Mas o mais bacana mesmo é a estrutura da narrativa: o livro todo é composto de trechos de entrevistas que os componentes da banda teriam dado a um jornalista, o que traz várias versões sobre um mesmo tema. Estou caminhando para as últimas páginas já com saudade.
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