#63 Queria ser grande, mas desisti
Ilustração daqui
Marcaram o casamento real bem no dia do batizado do Joca.
Vi alguns trechos em quanto me arrumava, mas quase tudo me escapou.
Não vi a entrada da noiva, não vi a reação do noivo e nem o beijo dos dois.
Tive alguns vislumbres pelas fotos e vídeos que o mundo postou na sequência, e que aparecem até hoje na minha timeline. Com atraso, achei lindo: os dois vestidos de Meghan, as frases de Harry, o coral. Praticamente um filme da Disney sendo transmitido ao vivo, não?
Mas o que mais me chamou a atenção foram alguns comentários apontando como contraditório uma mulher que se diz feminista estar se casando com um príncipe. Outros eram iam mais longe e questionavam se a instituição do casamento era compatível com a "luta".
Sim, existe por aí uma patrulha que quer classificar o grau do seu comprometimento com o feminismo.
Podemos discutir aqui o fato de Meghan ter largado a carreira de atriz? Podemos, mas precisamos lembrar que essa é uma escolha dela. Escolha é a liberdade de poder fazer o que queremos. Não é isso que o feminismo busca?
Ah, mas talvez ela esteja sendo oprimida pelos costumes tradicionais e ultrapassados da realeza britânica. Pode ser. Mas como ter certeza disso? Meghan já decidiu qual função quer exercer como duquesa. Ela vai fazer parte da administração de um fundo que ajuda jovens líderes comunitários a tocar suas próprias iniciativas sociais. O gosto de Meghan por trabalhos filantrópicos é conhecido do público.
Trabalho filantrópico é algo menor do que o trabalho como atriz? É um prêmio de consolação? É uma área historicamente ocupada por mulheres? Só me arrisco a responder a última questão: sim. Devemos agora abandonar funções dadas por muitos como "de mulher" só para afirmar a força da nossa luta por igualdade?
Eu acredito que não.
Eu, por exemplo, amo cozinhar, bordar e estou aprendendo a fazer tricô. Atividades fortemente ligadas ao universo feminino. Sou menos feminista por querer investir nesta vertente da minha personalidade? Bem longe disso. Eu não cozinho porque sinto que é minha obrigação. Eu não bordo ou faço tricô como se fossem as únicas funções que me são permitidas pelo fato de eu ser mulher. Eu as faço porque me fazem bem, porque nutrem minha mente e meu corpo.
No passado, as coisas funcionavam de outro jeito. Só tínhamos a permissão para ocupar esses campos. Muitas ainda sofrem com essa categorização babaca por gênero. E estamos enfrentando isso um poucão a cada dia.
Mas começar agora a elencar quais são as atitudes condizentes com uma mulher feminista vai contra tudo que eu acredito. Eu quero é poder navegar por todos os universos, sejam eles taxados como femininos ou masculinos.
Escrever exige apenas inspiração? Sou do time dos que não concorda com essa frase. Pra mim, o mais importante é disciplina e treino. Esse também é o pensamento da incrível Noemi Jaffe:
É engraçado. Quando se pergunta como aprender a tocar violão, a resposta instantânea é: fazendo um curso de violão. O mesmo com desenhar ou aprender a jogar futebol. Mas, para muitos ainda, a resposta para como escrever é: só com inspiração. Como se escrever se localizasse num patamar superior ao das outras artes e práticas; como se a ideia de aprender a escrever diminuísse a própria escrita, ou, o que desconfio mais, o trabalho do escritor. Afinal, se o escritor é movido por inspiração, ou talento, ou dom, aquilo é necessário e incontornável para ele, e inacessível para os outros.
A Unicamp incluiu Sobrevivendo no Inferno dos Racionais na lista de leitura para vestibular, na categoria poesia
As melhores entrevistas literárias da revista Interview, que vai deixar de ser publicada este ano :(
Sobre transformar coisas ruins em coisas incríveis
Um dos caderninhos de viagem mais lindo que já vi <3
Reparou que esta semana separei menos dicas? O motivo é um só: tudo o que tenho feito na internet é procurar apartamentos \o/ Uma coisa bacana, mas que pode ser muito frustrante. Rezem para aparecer uma casinha linda e dentro do orçamento ;)
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