#59 Queria ser grande, mas desisti
Nestes dias turbulentos, todos nós temos esbarrados em dois tipos de pessoas:
1. as que não fazem a menor questão de acompanhar o noticiário político, mas, quando se deparam com um grande evento nesta área, começam a propagar conceitos tortos e cheios de ódio;
2. as que acompanham tudo, mas insistem em enxergar os fatos com uma lente carregada de paixão ideológica.
Quando o encontro com essas pessoas se dá nas redes sociais, temos duas opções:
- rolar o feed e deixar pra lá;
- comentar, discutir e, possivelmente, descambar para uma agressão virtual.
Na vida como ela é, fora das telas, não tem essa de fechar os olhos para o post do outro, ignorar totalmente um argumento difícil de engolir. Quantos relatos de término de amizade ou atrito em família ouvimos nos últimos anos?
Qual o melhor jeito de lidar com essas situações? Lembrando aqui que não estou falando de trazer a pessoa para o seu lado, de fazê-la pensar como você. O ponto aqui é quando você encontra alguém que está disseminando alguma informação errada ou fechando os ouvidos ferozmente para o outro lado.
Vale a pena esbravejar, apontar o dedo na cara, sacudir a pessoa pelos ombros até ela cair em si? Você já viu alguém refletir sobre determinada posição depois de ser tratada assim? Eu nunca vi.
Por isso, sou cada vez mais adepta do conceito de comunicação não-violenta, criado pelo psicólogo americano Marshall Rosenberg. Ele investigou durante muitos anos a conexão da linguagem com a nossa capacidade de sentir compaixão. E, sem surpresa alguma, descobriu que o sentimento que as palavras carregam podem ou não gerar empatia no outro. Podem ou não gerar uma guerra dentro das nossas relações.
Conversar de forma não-violenta não é falar de forma meiga ou evitar conflitos a todo custo. É se posicionar de maneira equilibrada, levando em consideração o sentimento do outro. E nunca recorrer a julgamentos precipitados e a palavras agressivas só para ganhar um argumento.
Os quatro pilares da CNV são: observação, sentimento, necessidade e pedido. E como isso funciona na prática? Um bom jeito de aplicar esses pontos é elaborar frases assim: "eu me sinto triste com a sua atitude (OBSERVAÇÃO E SENTIMENTO), porque eu tenho a necessidade de/eu imaginava que blá blá blá (NECESSIDADE). Vamos tentar ter mais paciência um com o outro? (PEDIDO)"
É uma estrutura simples, até boba, mas que pode operar milagres para uma convivência pacífica.
Para se aprofundar mais, vale muito ler o livro de Rosenberg ou assistir alguns vídeos dele.
Onde tem crise tem notícia falsa - frase inicial da ótima análise da Agência Lupa sobre a enxurrada de informações que tomou as redes sociais nesta semana de julgamento no STF do habeas corpus do ex-presidente Lula e da execução da pena do mesmo.
Ter filhos implica abrir mão de objetivos? Sim, de alguns. Pra sempre? Imagino, e quero acreditar muito, que não. Joca está com 8 meses e já consegui retomar muita coisa e sonho com outras tantas. Mas bate um medo de não conseguir fazer tudo agora que existe outra prioridade? Sim! Quem compartilha dessa preocupação é o escritor Matheus Pichonelli, que escreve aqui sobre as limitações que encontra como recém-pai - tudo isso tomando como ponto de partida a vida de Jacques Cousteau, que mandou o filho para um colégio interno para poder percorrer o mundo. Essa história é tema do filme A Odisseia, que ando louca para assistir.
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