#57 Queria ser grande, mas desisti
Ilustração: Tyler Feder
Estamos na semana da mulher.
Dias de muita preguiça das propagandas sentimentalistas, das flores e dos chocolates. Preguiça das reportagens que insistem em exaltar as mulheres que não perdem a vaidade ao assumir cargos predominantemente masculinos. Sabe aquela frase: "fulana pilota avião, mas ainda passa batom"? Pois é, preguiça gigante.
Preguiça também dos que pedem um dia exclusivo para o homem ou dos que juram que dia da mulher é todo dia. Não é.
Vamos olhar alguns destaques do estudo Estatísticas de Gênero: Indicadores Sociais das Mulheres no Brasil, divulgado na quarta-feira pelo IBGE:
- As mulheres seguem recebendo, em média, cerca de ¾ do que os homens recebem - mesmo estudando mais do que eles;
- Em 2016, o dado mais recente, apenas 37,8% dos cargos gerenciais eram ocupados por mulheres;
- Mulheres que trabalham dedicam 73% mais horas do que os homens aos cuidados e/ou afazeres domésticos.
Resumo bem claro sobre a desigualdade no mercado de trabalho e em casa. Uma merda, né? Mas merda maior é esse tipo de notícia:
- Uma mulher é assassinada a cada duas horas no Brasil
- Em seis meses, apenas 1 caso de assassinato de mulher foi julgado
Um soco no estômago.
Exigir igualdade no mercado de trabalho é justo, justíssimo. Eu exijo e luto por isso todos os dias. Mas quando me deparo com esses números de violência contra a mulher... Nossa, o buraco é tão mais profundo.
Eu, mulher branca e de classe média/alta, questiono salários desiguais, a jornada dupla, o assédio. Se penso nisso durante duas horas, BUM, uma mulher morreu.
Não que isso não possa acontecer comigo. É claro que pode, mas a chance é tão menor. Tão menor. Somos desiguais em relação aos homens, mas também entre nós mesmas.
O feminismo comporta todas essas causas, mas algumas pautas têm mais visibilidade dependendo do nosso espaço de convívio. A tal da bolha, da invisibilidade da dor dos outros.
Vou continuar batalhando pela igualdade de gênero diante das barreiras que eu enfrento, mas quero poder ajudar mais. Quero, primeiro e antes de tudo, que as mulheres parem de morrer apenas por serem mulheres.
Você tem alguma sugestão de trabalho voluntário para contribuir com essa luta?
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