#54 Queria ser grande, mas desisti

Ilustração daqui

Esta semana, voltei a trabalhar - em plena quarta-feira de cinzas.
E aí?
Aí que tudo bem.

Estava com saudade dos amigos, do trabalho e de ter um tempo exclusivo para mim.

É claro que depois de 7 meses longe, as coisas parecem um tanto fora de lugar. E no meu caso, não é só impressão: a redação onde trabalho passou por uma reforma durante minha ausência. Cheguei sem saber qual era minha nova mesa, obviamente não lembrava de nenhuma senha e precisei aprender alguns procedimentos novos.

Além da ambientação, tive que lidar também com o pensamento constante no pequeno ser que deixei em casa. Será que estava estranhando? Dormiria bem sem mim? Lembrando que tenho um horário não-convencional: das 17h até 1h/2h da manhã.

Preocupações normais de mãe, não é mesmo? Seguimos uma mesma rotina durante meses e agora uma nova dinâmica é necessária. E tudo bem. Tenho me esforçado para que não haja drama, para que não brote nenhuma culpa.

Trabalhar é fundamental para mim - pela grana e mais ainda como forma de realização pessoal. Num mundo ideal eu teria muito tempo pro meu filho, muito tempo para meus projetos e mais tempo ainda para dormir. A realidade é outra, amigos.

Dividir é a solução. Dividir os cuidados com o Joaquim e também com os meus desejos. Dividir a criação dele igualmente com meu marido.

E se mesmo assim bater um aperto no coração, vou tentar lembrar de que fui criada por pais que sempre trabalharam muito. Não tenho nenhuma memória negativa a respeito disso, bem pelo contrário. Minha infância foi feliz, cheia de amor e de atenção <3

Se eu pudesse te indicar apenas uma leitura para esta semana com certeza seria essa análise maravilhosa do feminejo. Tem um destrinchamento das letras, discussão sobre feminismo e até citação de Foucault <3

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