#52 Queria ser grande, mas desisti
Ilustração: Camille Chew
Eu fui uma criança bruxa. E se você cresceu entre as décadas de 80 e 90, tem uma grande chance de você ter sido também.
Naquela época, tinha muita gente brincando na rua, mas tinha um outro monte de introspectivos aprendendo a tirar cartas de tarô, as nuances de cada signo e as estrelas de cada quadrante do céu.
Esse era o mundo que eu dividia com a minha amada e exótica amiga Helena, minha mentora de misticismo. Quatro anos mais velha do que eu, ela me educou em contos de mitologia tradicionais, Cavaleiros do Zodíaco e com o livro As Brumas de Avalon.
Íamos mil vezes na Alemdalenda, loja do coração dos seres mágicos, e de lá saíamos carregadas de velas, incensos, cartas de adivinhação e pedras. Perdíamos longas tardes entre reprises do filme Da Magia à Sedução, sessões de Zelda (não seria esse o game mais bruxo de todos?) e jogos de baralho que nos diziam se fulano estava mesmo apaixonado por uma de nós.
Em nossas viagens a Campos do Jordão, caminhávamos no meio do mato numa tentativa de conexão maior com a natureza. No Guarujá, banhávamos nossas pedras na água do mar para dar aquela energizada esperta. E no sítio do meu avô, em São Roque, ouvíamos atentas à história de que um índio estava enterrado debaixo da maior pedra do terreno.
Eu sentia algo realmente especial acontecendo naqueles momentos. Seria a força da nossa amizade? A noção inconsciente de estar criando memórias eternas? O contato precoce com conceitos tão lindos e necessários como liberdade e feminismo?
Já faz uns bons anos que vivemos em países diferentes. A Helena se tornou uma andarilha moderna. Morou na Irlanda, na Finlândia e agora está nos Estados Unidos. E eu mudei apenas algumas vezes de bairro aqui em São Paulo.
Não existe mais contato diário, e nem mesmo anual, pra ser sincera. Mas existe uma gratidão e um carinho imensos pelas melhores lembranças da minha infância e adolescência. Queria voltar no tempo e ser de novo uma bruxinha, Helena <3
Como esta é a primeira newsletter do ano, nada mais justo do que falar sobre uma das minhas metas pra 2018: ler pelo menos 20 livros. Sei que pra muitos esse é um número ambicioso e pra alguns é um objetivo pequeno. Conheço pessoas que lêem perto de 100 livros. Sim, 100 livros por ano. Acho maravilhoso, mas também me pego pensando se tal feito não passa a ser uma competição descabida com outros leitores.
Mas voltando ao assunto, já faço esse tipo de meta faz uns anos. Em 2017, planejei ler 15 livros e acabei com 16. A novidade desta vez é que estou listando desde o começo quais são as leituras que pretendo fazer:
[x] A insustentável leveza do ser, Milan Kundera
[x] Mooncop, Tom Gauld
[x] 60 dias de neblina, Rafaela Carvalho
[x] Sobre a escrita, Stephen King
[ ] Terminar Anna Kariênina, Tolstói
[ ] It, a coisa, Stephen King
[ ] O simpatizante, Viet Nguyen
[ ] Cem anos de solidão, Gabriel García Márquez
[ ] Notas sobre Gaza, Joe Sacco
[ ] Teoria King Kong, Virginie Despentes
[ ] Livre, Cheryl Strayed
[ ] Uma dobra no tempo, Madeleine L'Engle
[ ] Tudo se ilumina, Jonathan Safran Foer
[ ] A guerra dos consoles, Blake J. Harris
[ ] O ódio que você semeia, Angie Thomas
[ ] Os Buddenbrook, Thomas Mann
[ ] Lolita, Vladimir Nabokov
[ ] Estamos bem, Nina LaCour
[ ] Bosque Selvagem, Colin Meloy
[ ] Tu não te moves de ti, Hilda Hilst
[ ] A viagem a um pequeno planeta hostil, Becky Chambers
[ ] Argonautas, Maggie Nelson
[ ] Um útero é do tamanho de um punho, Angélica Freitas
Os mais atentos devem ter notado que a lista já tem mais de 20 títulos. Tudo bem, sonhar é de graça. Outra coisa é a diversidade. Gosto de ler de tudo: de literatura russa a livros de ficção científica.
Pra quem quiser acompanhar, dá pra me seguir no Goodreads ou pelo Instagram mesmo - estou fazendo alguns stories sobre as leituras mais bacanas.
E aqui vai um link com dicas para ler mais e melhor em 2018
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