#48 Queria ser grande, mas desisti
Ilustração: Carolina Búzio
Uma pequena vitória da maternidade é continuar lendo. O ritmo é mais lento, é claro, mas constante.
E sigo com o hábito de ler várias coisas ao mesmo tempo. Os livros da vez são:
Anna Kariênina, de Tolstói
A trilogia de Nova York, de Paul Auster
Susan Sontag - Entrevista completa para a revista Rolling Stone
E acabei de terminar Crianças Dinamarquesas, de Jessica Joelle Alexander e Iben Sandahl
Todos maravilhosos e completamente diferentes, como você pode deduzir pelos títulos.
E apesar de os três primeiros pertencerem a autores mais do que consagrados, o trecho que não sai da minha cabeça faz parte do último.
Quando eu estava grávida, não dei muita bola para livros sobre maternidade, mas parece que o jogo virou, não é mesmo? Então, deixa eu te explicar a minha parte preferida desse guia para pais - e te prometo que não é nem um pouco restrita à criação de filhos.
A reflexão em questão fala sobre a importância de se praticar o que as autoras chamam de reframing - uma espécie de reconstrução da história que contamos para nós mesmos. Vou te dar um exemplo: em algum momento da adolescência, eu me agarrei a adjetivos como preguiçosa e sedentária. E de tanto ouvir isso dos outros e repetir para mim mesma, acabei encarando essas características como parte da minha personalidade.
Daí para usar esses rótulos como desculpa foi um pulo. Ah, eu queria muito aprender a dançar, mas sou sedentária, sabe? Queria tentar ler mais sobre os assuntos que me interessavam, mas não dava. Preguiçosa, lembram? Eu enxergava até um certo charme nesses defeitos. Adorava falar que nem tênis eu tinha para fazer qualquer esporte e também que era uma das campeãs de faltas em aulas no colégio e na faculdade. Agora eu vejo como tudo isso era babaquice e tal, mas por um bom período da minha vida eu me limitei por acreditar que eu era assim e ponto.
Acho que as coisas começaram a mudar pra valer faz pouco tempo. Meu marido é uma pessoa extremamente ativa, gosta de todos os esportes imagináveis e é muito paciente para ensiná-los. Eu tinha vontade de andar de bicicleta, mas tinha vergonha de não saber direito. Ele me incentivou e lá fui eu percorrer longos quilômetros pelas ciclovias de São Paulo. Aconteceu o mesmo com o skate e com trilhas. Já a preguiça ainda está bem presente, mas tento afastar um pouco todos os dias.
O fundamental foi perceber que eu estava usando o verbo errado ao me avaliar. Eu não ERA preguiçosa e sedentária. Eu ESTAVA com preguiça e levando uma vida sedentária. Desse jeito, esses adjetivos deixaram de ser algo passivo, que eu não podia mudar. Nada disso está impregnado em mim e nem pode ser uma barreira para os meus desejos.
Sempre dá par ser um pouco mais gentil com a gente mesmo <3
Apesar de não estar trabalhando, comemoro o feriado como qualquer outro mortal. Pra mim, esses dias de folga significam que vou ter mais ajuda do meu marido, dos meus pais e das minhas irmãs. Estou sonhando com um pouco de sol, mas se o tempo não colaborar já tenho um plano b: Netflix. Minhas sugestões pra você são as séries Mindhunter e The Confession Tapes. O assunto de duas é crime, mas de formas diferentes. A primeira conta a história real de dois agentes do FBI e de uma pesquisadora que decidem entrevistar assassinos em série para entender como a mente deles funciona. Beeeem legal! A segunda é uma série documental que trata de pessoas que confessaram crimes que aparentemente não cometeram. Assustador pensar que poderia ser com qualquer um de nós.
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