#47 Queria ser grande, mas desisti
ilustração daqui
80 dias de Joaquim na minha vida.
Estamos bem, numa fase diferente daquela em que estávamos da última vez que escrevi.
Ele não para de sorrir e de crescer. Agora eu já consigo entender cada choro - coisa que julguei ser impossível - e com isso, ele tem reclamado bem menos.
Ainda temos um longo caminho pela frente em relação à alergia alimentar, mas estou encarando tudo de um jeito mais leve.
E sabe o que me ajudou demais? Fiz uma sessão de Reiki.
Eu nunca tinha feito nada parecido, mas um grande amigo sugeriu que poderia ser bacana para esse momento e, por isso, resolvi experimentar.
Durante pelo menos uma hora, conversei sobre o que mais me assusta na maternidade: a perda repentina de liberdade. Liberdade para realizar coisas pequenas, como ir ao banheiro com calma, e também coisas maiores, como decidir viajar de repente.
E naquele espaço seguro e sem julgamentos, fui me abrindo para o entendimento de que tudo isso é passageiro. De que me sinto limitada agora, mas que já já o mundo vai ser meu novamente. De que estou trocando idas ao cinema, viagens e saídas noturnas pela construção de um vínculo transformador com o meu filho.
A gente acha que sabe de tudo isso, mas a rotina de mãe de bebê pequeno muitas vezes anula nosso lado racional. Daí a importância dessas fugas, de um tempo pra gente se cuidar e encarar as coisas com uma certa distância <3
Você viu o trailer do documentário Repense o elogio, da Estela Renner? Ela é diretora do maravilhoso O começo da vida e agora volta pra discutir como os elogios usados para meninas e meninos influenciam na forma como construímos estereótipos. Esbarrei em um monte de gente puta com a discussão, pessoas comentando que não vão deixar de chamar os filhos de príncipes ou princesas, pais levantando a bandeira de que o politicamente correto está deixando tudo muito chato. Tenho pra mim que chato mesmo é não poder falar sobre padrões que repetimos sem pensar. Eu e meu marido sempre conversamos sobre isso e príncipe é uma palavra que não tem vez com o Joaquim aqui dentro de casa. Ficamos bravos quando alguém chama ele assim? Jamais. Sabemos que é um ato de carinho pra muita gente. Nós optamos por não usar o termo por toda carga de sexismo que ele traz. Opção existe pra cada um fazer a sua, não é? E viva mais um documentário que tem tudo pra ser bacana \o/
A ilustração que abre a carta desta semana foi feita pela designer Lauren Colin Mitchell e faz parte da campanha #MeToo, que tem dado espaço para as mulheres - principalmente as americanas - falarem sobre como o assédio sexual está, infelizmente, tão presente em nossas vidas. A campanha foi desencadeada pela divulgação dos casos de abuso do produtor Harvey Weinstein
Mulheres não são reclamonas - só estamos de saco cheio
Lidar com todo esse gerenciamento emocional da casa é frustrante. É a palavra que eu escuto quando falo sobre todo esse trabalho de bastidores com as minhas amigas. É frustrante estar amarrada a essas responsabilidades, ninguém reconhece o trabalho que você está tendo e não há forma de lidar com isso sem arrumar uma briga. “O que me incomoda mais é que ter essa conversa sobre gerenciamento emocional significa ser vista como reclamona”, afirma Kelly Burch, jornalista freelance que trabalha na maioria das vezes em casa. “Meu parceiro fica irritado e entra na defensiva quando eu fico apontando o que ele não faz. Ele se fecha. Eu entendo que deve ser frustrante ver isso da perspectiva dele, mas eu ainda não descobri uma outra forma de fazer ele enxergar o tanto de energia mental e emocional eu dedico ao funcionamento da casa”.
As pessoas estão em uma eterna queda de braço, ninguém quer falar primeiro, dar primeiro, amar primeiro, cuidar primeiro. Está todo mundo na defensiva, esperando o outro dar o primeiro passo, mas quando essa postura é generalizada, o resultado é todo mundo parado no mesmo lugar frustrado, desamparado, medindo forças e acinzentando o mundo.
Quando ser mãe é perigoso - uma das histórias mais tristes que li nesta semana :(
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