#38 Queria ser grande, mas desisti
Ilustração: Sveta Dorosheva
Comecei a ver, com um certo atraso, a série Abstract. Você já viu? São oito episódios que exploram o processo criativo de alguns designers.
Posso te adiantar que é fascinante. Gosto muito de presenciar o momento e a maneira como as pessoas têm ideias. E o mais bacana aqui é ver que não é uma tarefa que depende apenas da criatividade, de alguma inspiração. Tem muito esforço, método e rotina envolvidos.
E isso é um pouco do que eu sinto ao escrever esta newsletter. Quando comecei o projeto, eu fiz uma longa lista de temas que poderiam figurar por aqui e, assim, a coisa fluía super bem. É claro que já faz um tempo que as opções daquele esboço acabaram e agora dependo muito dos acontecimentos de cada semana e da disposição da minha mente.
Sendo assim, tem dias em que o assunto brota de repente e basta eu anotar tudo num caderninho para ter uma carta pronta. Em outros, o esquema é diferente. Começo a escrever um texto e logo apago, escrevo outro e apago de novo, num movimento constante. E tem vezes que a reflexão de abertura sai rápido, mas não há nenhum link legal para indicar.
E aí você me pergunta: quando tem inspiração o texto sai melhor? Nem sempre, pelo menos na minha opinião. Por exemplo, eu gostei bastante do resultado da newsletter da semana passada (e tive respostas lindas de alguns de vocês) e ela só saiu porque eu sentei a bunda e me dediquei a produzir algo.
É uma lição que fui aprendendo com o tempo e que ainda está em fase de aprimoramento. Criar coisas não é tão glamouroso quanto eu pensava. Escrever não é só um ato catártico. Escrever também é hábito, prática e disciplina - principalmente quando você se propõe a entregar um material toda semana. E o resultado não é menos bonito ou válido por ser um tanto burocrático. Pra mim, o importante é manter a conexão com vocês, seja ela fácil ou suada <3
Você já viu Capitão Fantástico? O amor pelo filme voltou com tudo nesta semana depois que a Jout Jout fez um vídeo falando sobre ele. É a história de uma família que vive fora do mundo tradicional: são seis filhos criados no meio do mato, ensinados em casa e de forma totalmente inusitada para o restante de nós. Eles, por exemplo, caçam a própria comida e não comemoram datas como o Natal, mas, sim, o dia do filósofo Noam Chomsky.
Minha parte preferida - sem nenhum spoiler - é o momento em que o pai pergunta para uma das filhas o que ela está achando do livro Lolita, de Vladimir Nabokov. Ela responde que é "interessante" e ele logo adverte: "interessante" não é um termo permitido na hora de avaliar uma obra, é preciso mais do que isso.
Enfim, acho que você não deveria deixar esse filme passar. Se não me engano, já está disponível no NetNow e em outras plataformas.
Ainda nesta pegada de criação alternativa e humanizada, o New York Times publicou uma matéria bem bacana sobre uma escola alemã que ensina as crianças ao ar livre, na floresta <3
E você já ouviu falar em nutrição amorosa? É uma linha que busca respeitar a nossa personalidade e desejos na hora de comer, sem modismos. Dá uma olhada neste trecho da entrevista com a nutricionista Marcia Daskal:
Gosto muito de perguntar para meus pacientes: se nada fizesse mal, o que você gostaria de comer? Na hora eles me respondem que se a lógica for essa, vão engordar facilmente. Não vão. Você vai passar a comer com mais atenção, e não em maior quantidade. A criança escolhe o que quer pelo cheiro, pela cara da comida e, quando está satisfeita, para. Quando desaprendemos a fazer isso? Mas, se é proibido, você quer aquilo de qualquer forma e em quantidade, porque não sabe quando vai saciar sua vontade de novo.
Dica de livro: comecei a ler o mega elogiado Swing Time, da Zadie Smith, e ele sobrevive ao hype \o/ Até onde eu sei, ainda não tem tradução :(
Um pouco mais sobre a poeta Rupi Kaur. Você já segue ela no Instagram?
E quando dar liberdade e ser compreensiva demais com alguém num relacionamento acaba se virando contra nós? Essa é a discussão desse ótimo texto.
O mansplaining é uma das práticas mais irritantes entre os homens. Não sabe o que é? Sabe aquele momento em que um cara resolve te explicar algo que obviamente você já sabe? É isso. Muitas mulheres têm compartilhado os melhores (piores) casos no twitter. Chega ao ponto de um homem querer contar para uma grávida como ela está se sentindo =O
15 verdades sobre a gravidez
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