Faço aniversário em seis dias. Tenho uma lista de possíveis lugares e formatos para comemorar, mas não consigo me decidir. O que quero para essa festa? Eu quero uma festa? Ou quero um grupinho pequeno, bem pequeno, na minha casa, com umas comidinhas em cima do balcão da cozinha, amigos queridos se aboletando nos poucos assentos da sala, uma música baixa, que não atrapalhe a conversa, nada elaborado, nada que me deixe ansiosa para organizar. Porque eu quero celebrar, mas perdi a mão. Já não dou conta de grandes eventos, grandes listas, grandes logísticas. O tempo de contratar um buffet, bandinha, alugar louças, mesas, cadeiras, encomendar bolo e docinho, limpar a casa por dias e dias, esse tempo passou. Era gostoso, com certeza, umas 50 pessoas lá no jardim dos meus pais, um tanto de gente querida. Mas era também corrido, estressante. A galera conversava, ria, e eu só pescava uns relances. A dura sina da anfitriã: ver todos ali por você e não aproveitar a companhia de ninguém. Deu pra mim. Daí veio um apartamento menor, veio filho, veio um vírus terrível que interrompeu nossas vidas e reduziu a escala das coisas. Reunir as pessoas em pequenos grupos ganhou um gosto de vitória. Continuamos aqui, continuamos a nos ver, a nos encostar, a querer saber uns do outros, assim de perto, assim com calma. Não é essa a definição de encontro no dicionário? Quando se tira a perfumaria dos eventos — o esforço para receber bem, com uma comida que agrade e surpreenda, com som certeiro e descolado, com a casa um brinco de linda e aconchegante —, o que fica mesmo é a sensação de uma renovação de votos: mais um ano enfrentando juntos esse rolê louco da existência, bate aqui. E isso não tem cenário, não tem dinâmica festiva que governe. Mas é preciso, sim, criar a ocasião, reservar um horário na agenda para receber, quem puder, quem estiver aqui, quem não tiver feito de julho o mês de escapar da cidade. Abrir a porta e falar venham, estarei aqui. Vi uma menina contar na internet que toda semana ela faz uma espécie de office hours/escritório aberto para os amigos. Ela vai para um café ou bar, fica lá por um período e recebe quem pode aparecer. Tem quem fique só uns minutinhos, algumas horas, o dia inteiro. É o tal do querer se ver e procurar um jeito de fazer rolar. Então, é isso, vou abrir a porta por umas horinhas para quem eu gosto poder entrar.
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é bom demais <3Sábado e domingo rola a terceira edição d’O texto e o tempo, evento com o pessoal mais bacana da newsletter <3
Um bolo que eu queria tentar fazer
Vi a quarta temporada de The Bear e é de longe a que menos gostei. Senti que não vai a lugar nenhum, tomando como ponto de partida a última temporada. As questões continuam exatamente as mesmas e só no finalzinho algo anda, mas sempre buscando nos traumas iniciais da série os motivos para tudo. Continuo amando os personagens? Continuo, mas torço para um roteiro mais bem amarrado da próxima vez.
Terminei O colibri, de Sandro Veronesi e tradução de Karina Jannini, e nossa senhora: BOM DEMAIS, DEMAIS MESMO!
O que tem na minha lista de presentes:
Ano passado, de Júlia de Carvalho Hansen
O livro de fazer livros: produção gráfica para edições independentes, de Cecilia Arbolave
Demon Copperhead, de Barbara Kingsolver e tradução de Heci Regina Candiani
Queria ser grande, mas desisti também é livro \o/
E se quiser me acompanhar em tempo nada real: @babibomangelo
Isso aqui tão lindo:
"Reunir as pessoas em pequenos grupos ganhou um gosto de vitória. Continuamos aqui, continuamos a nos ver, a nos encostar, a querer saber uns do outros, assim de perto, assim com calma. Não é essa a definição de encontro no dicionário?".
🌼
Babi, adorei; passo pelo mesmo dilema no niver. Ano passado viajei e gostei da nova modalidade de comemoração. Obrigada pela citação da minha publicação <3