Uma noite dessas, cheguei em casa de madrugada e encontrei meu marido ainda acordado. Fomos deitar juntos, coisa rara. E eu, com a cabeça fervilhando, desatei a contar o tanto que estava feliz por ter conseguido escrever um monte de coisas que precisava para expandir e refinar o segundo capítulo da dissertação de mestrado. Abri, então, meu diário de pesquisa, mostrei a enorme lista de afazeres e os textos teóricos conectados a cada tarefa. Você fez tudo isso?, Leandro perguntou. Fiz e tenho feito. Há meses, há anos. Um pouco por vez, em todo tempo que sobra entre as obrigações do dia. Vi o espanto no rosto e nas palavras dele. Me ouvir falar sobre a pesquisa tem um gosto, olhar de fato para o que ela envolve, tem outro. A surpresa virou admiração e a admiração dele me encheu de prazer. Comigo mesma, com o meu trabalho. Percebi que não preciso esperar chegar à última linha desse projeto para daí reconhecer o que ele significa para mim. Posso fazer um inventário em movimento. E uma das partes mais bonitas dessa reta final tem sido ver como as milhares de leituras, milhares de investigações, milhares de perguntas se encaixam, se conectam. É um processo que vale a pena. A troca com os colegas, com as minhas orientadoras. O mergulho em uma cultura específica, a obsessão por uma literatura de um país que não é o meu, mas que o ilumina de alguma forma. A área inteira de Letras me ilumina e faz de mim uma jornalista melhor. Como pode um efeito assim? Que preenche e expande tanto. É por isso que decidi que comemorar só no fim é uma besteira. Gostar do ofício e ser feliz em meio a ele já vale o bolo.
Para quem curte o assunto pesquisa: na semana passada, enviei para os apoiadores um vídeo beeem completinho sobre como montar uma bibliografia com exemplos da minha dissertação sobre Pessoas Normais de Sally Rooney \o/
Quer outras dicas de literatura irlandesa contemporânea? A
comentou num post bem bacana sobre a tradução da Bruna Beber para Tempos interessantes, de Naoise Dolan. Eu gosto DEMAIS dessa autora — uma escrita afiada e irônica. E além desse livro recém-lançado aqui, indico muito a newsletter dela.O novo ciclo do clube de literatura e psicanálise conduzido por Fabiane Secches
Neste sábado, dia 7 de dezembro, tem o bazar da Todavia + Baião
Abstinência moderna — um ensaio da
sobre heteropessimismo, celibato e vibradores moderninhosO universo da beleza nos aprisiona
Eu queria acreditar mais em Deus, mas é tanta coisa que me distrai…
Uma coleção de imagens marítimas para os entediados
Um café delicioso em São Paulo
Receita que vou testar no fds
A playlist que não sai do meu ouvido
Seguindo uma tradição de fim de ano, vou gravar um vídeo respondendo perguntas de vocês <3 Pode ser algo sobre escrita, jornalismo, mestrado em Letras, maternidade, vida em geral (dá para ver a edição passada aqui) Vamos nessa? Pode deixar a sugestão nos comentários ou a partir de amanhã numa caixinha que vou abrir lá no instagram ;)
E até o final do mês tem a famigerada edição com os MELHORES DO ANO \o/ E os apoiadores vão receber antecipadamente o vídeo comentando em detalhes cada um dos escolhidos
Queria ser grande, mas desisti também é livro \o/
E se quiser me acompanhar em tempo nada real: @babibomangelo
Adorei o texto, Babi. Estava falando exatamente isso com meu namorado, que às vezes não sei aproveitar o momento. Por quanto tempo sonhei em ter a vida que tenho agora (fazendo mestrado)... e me pego as vezes colocando esse ponto de felicidade sempre no próximo passo: "só serei feliz quando terminar o pós-doutorado". Mas é importante demais a gente aproveitar o caminho. <3
Isso é tão lindo! Admirar o caminho enquanto se caminha. Gostar do que se faz é a chave para uma vida feliz ❤️