Ilustração de Oamul Lu
Eu escrevo o tempo todo. No mínimo uma reportagem por dia. Porque preciso, porque o jornal precisa ir ao ar. Então, o ato de concluir, de logo extravasar a ideia em texto é comum, rotineiro para mim. Mas fora do trabalho experimento outras formas — indisciplinadas — de escrita. Processos que envolvem mais do que digitar ou rabiscar o papel. Algumas vezes as frases moram por dias na minha cabeça. Posso até anotá-las, mas o texto em si não vem. Não encontro o tom, sinto que o gosto na minha boca não casa com as palavras. Tento apressar a maturação, vejo que não funciona e daí me ocupo com outras coisas — fujo, na verdade. Leio, vejo filmes e séries. Ouço música, almoço com amigos. E nesse estado de descuido, argumentos em que meditei por dias tomam, enfim, um corpo. Tal evolução não vem do nada. Coloco na conta da construção, do acúmulo de referências, da teimosia. Leda Cartum, com quem tenho encontro marcado toda segunda-feira, fala que a parte de sentar e escrever é apenas uma das caras da escrita. Escrever é também prestar atenção no mundo, diz ela.
Pequenos momentos culturais que me fazem bem — ainda mais em tempos de angústia eleitoral
A democracia em nós
Uma aula sobre viagem no tempo, com apelo especial para os fãs de De volta para o futuro
Quem também tem feito um trabalho muito bacana de análise é o André Araújo. Na edição desta semana, ele discute a guinada sobrenatural na reconstrução do passado em ficções latino-americanas
A literatura salva a memória
Um filme da Mostra de Cinema de São Paulo: Os anos do Super-8, dirigido por Annie Ernaux e David Ernaux-Briot, seu filho mais novo <3
Leitura acompanhada de A mão esquerda da escuridão, de Ursula K. Le Guin - sou APAIXONADA por esse livro
Para quem também ama Paul Mescal, ator que faz o Connell em Normal People
Dia 10 de novembro começa a oficina que vou ministrar junto com a Débora Tavares sobre a adaptação do segundo romance de Sally Rooney para a TV \o/
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Queria ser grande, mas desisti também é livro \o/
E se quiser me acompanhar em tempo nada real: @babibomangelo
fico triste quando clico nos link e tem paywall :(
e amei ver o gui poulain aqui, sou fã!
Belo texto! Tem um livro, pode ou não ser “zen e a arte da escrita”, não consigo lembrar, que tem todo um ensaio dedicado a como alimentar a musa. Esqueci do livro, mas nunca me esqueci do ensaio, que li faz quase 20 anos. É isso, Babi, acho que tudo faz parte de “escrever”. A musa precisa estar bem alimentada pra dar bons frutos. Ah, e, como sempre, é um lisonjeio sua indicação!