Que difícil encarar a adaptação de um livro favorito. Ainda que se vá de peito aberto, tolerante às mudanças que inevitavelmente serão feitas. É menos sobre apego aos detalhes e mais sobre a proteção de um mundo que foi criado a partir daquelas páginas. O rosto das personagens, os ambientes, as vozes. Que passam agora a ser representados de uma forma única na TV ou no cinema, sem espaço para conciliação com aquilo que existia num ambiente reservado, quase sagrado. Como se fosse um apagamento da memória de cada leitor.
Foi assim, com sentimentos ambivalentes, que comecei a ver a série Conversas entre amigos - baseada no primeiro romance de Sally Rooney. Meu preferido e objeto de pesquisa do mestrado. E com tanta coisa envolvida, vi as primeiras cenas com as mãos no rosto, tapando boa parte dos olhos. Se você me visse, ia achar que eu estava espiando algo que não deveria. Uma vontade imensa de gostar dos atores, dos diálogos, dos recortes escolhidos, das músicas. Ser logo conquistada e respirar aliviada.
Bom, e aí?
Aí que eu gostei, mas não amei, não fiquei obcecada. Não se aproximou da sensação que tive quando terminei o livro e só falei dele por dias. Também foi diferente da experiência de assistir Pessoas Normais - que me fez virar madrugadas até chegar ao último capítulo. Penso que é da natureza do romance. Conversas entre amigos é mais introspectivo, lento. Escrito em primeira pessoa, são as observações de Frances que conduzem tudo, que constroem o sentimento de inadequação - talvez o tema mais presente na história. Ele está na série, mas, é claro, não é a mesma coisa. O foco na TV ficou para o adultério em si. Interessante e tal, mas senti falta dos comentários ácidos sobre carreira, literatura, sexo, amor. Foram estas questões que alçaram Rooney ao posto de voz de uma geração. E isso, para mim, se perdeu na adaptação.
Tudo bem, sem maiores dramas. O livro continua aqui ao meu lado, sendo relido eternamente. A série ficou como um acessório, um auxílio visual gostoso de acompanhar, mas que não soterrou minha interpretação da obra. Ainda bem.
Um ponto muito bacana da série - e do livro - é como aborda a endometriose, doença inflamatória com a qual convivo desde a primeira menstruação. Atinge muitas mulheres, mas ainda é pouco detectada. Pode causar dor incapacitante e complicações sérias por todo o corpo. Eu, por exemplo, quase tive o intestino perfurado e precisei ser operada aos 25 anos. Se você tem cólicas muito fortes, procure um bom ginecologista e, não, não acredite que você precisa engolir o choro e suportar algo assim.
Aqui no Brasil, a série estreia no Star+ só no segundo semestre :(
Para quem está na febre Rooney, uma entrevista antiga que gosto bastante
Elena Ferrante, as mães e as filhas - papo bom demais entre Tati Bernardi e Vera Iaconelli
Começou a nova edição do curso Grande conversa fundadora, do Alex Castro - morro de vontade de fazer
Open house literário da School of Life com consultas gratuitas de biblioterapia
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Outro lançamento que não vou deixar passar de JEITO NENHUM
Sobre lesmas, líquens e a prática de uma escrita vagarosa
Que sonho de casa
Comida pro frio: arroz de tomates assados
E uma receita que quero muito testar
Comecei a ver Julia na HBO Max por indicação da Tayná Saez e, gente, que série gostosa <3
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Sally , é um amor novo e avassalador . Só me faltava esse livro e estava olhando pra mim da estante e eu que tenho a neura de guardar um livro pro momento que minha alma pede só comecei a ler dias atrás , terminei hoje e segui o roteiro que tinha criado :
Livro + newsletter da Babi + série .
Agora , vou pra série .
Eu sempre fico bastante apreensiva com obras literárias que gosto muito e suas adaptações. É um olhar sempre recheado de muita expectativa e referências pessoais, né? Mas acho gostoso esse processo porque me sinto meio parte da construção daquela narrativa. Uma espécie de co-autora que tem o poder de criticar e dizer "ei, estão mexendo na nossa história!". hahaha
Sobre os links, fiquei apaixonada pela casa dos sonhos que você mostrou, cheia de livros e cores! Acabei de mudar de país e sinto muita falta dos meus livros, que estavam espalhados por todos os cantos. Aos poucos vou conquistando novos exemplares. :)
Adoro suas newsletters, um beijo!