Ilustração: Nina
Eu sou feita de tanta gente. Das minhas irmãs, dos meus pais. De amigos, de ex-namorados. De pessoas com quem convivo diariamente, mas também daqueles que não vejo há décadas. Lembro do cheiro de casas que frequentei vinte anos atrás. Do sabor do bolo de coco molhadinho que comíamos no intervalo dos estudos para as provas. O jeito que eu corto o tomate ao meio e rego com sal não é meu, peguei emprestado de uma colega da quarta série. Toda vez que experimento um prato com frutos do mar, penso numa das minhas amigas mais antigas. A família dela sempre servia na Páscoa uma macarronada com vieiras. Nunca foram minhas preferidas, mas aprendi a gostar de tanto que comi. Criei minha famosa receita de brownie depois de muito tentar atingir o gosto da sobremesa da mãe de outra amiga. Era a comida que ela levava para as muitas viagens que fazíamos. Mas nem só do estômago vivem minhas memórias. Absorvi de outras pessoas o hábito de levantar os pés quando passo pelo trilho do trem, de ouvir Jorge Ben a caminho da praia. Pensei em tudo isso ao entregar os últimos livros e me deparar com o nome e o endereço desses amigos de infância, de adolescência. Vi a fachada de prédios onde tanto brinquei e me emocionei. Uma alegria me perceber como um quebra-cabeça, com peças importadas dos outros, de gente tão querida ou daqueles que de alguma forma me desafiaram. E fico curiosa: o que de mim eles carregam pela vida?
O livro-coletânea da newsletter esgotou, mas já estou estudando um modo de fazer uma segunda tiragem. Quem sabe com venda em algum lugar físico também? Veremos ;)
E sobre financiamento coletivo, vocês viram que a Todavia vai lançar um livro com a pré-venda feita dessa maneira? Não é de hoje que editoras estão apostando nisso - a Wish faz isso há algum tempo -, mas até então só tinha visto acontecer assim, com casas independentes
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