#153 Queria ser grande, mas desisti
Ilustração: Phoebe Wahl
Estou lendo Léxico Familiar, de Natalia Ginzburg. Ainda no começo, mas profundamente envolvida. É uma autobiografia para ser lida como romance - ou pelo menos esse é o pedido da autora. Ela narra pequenos momentos em família, as manias dos pais, as brigas entre os irmãos, a convivência com os vizinhos. Sei pela sinopse que irá tratar bastante da ascensão do fascismo na Europa, da perseguição aos judeus, mas ainda não cheguei lá. O que tem me encantado até agora é a delicadeza com a qual Ginzburg constrói o universo particular de uma família, a linguagem única que ninguém além dos próprios participantes consegue compreender. Ela escreve assim:
"Somos cinco irmãos. Moramos em cidades diferentes, alguns de nós estão no exterior: e não nos correspondemos com frequência. Quando nos encontramos, podemos ser, um com o outro, indiferentes ou distraídos. Mas, entre nós, basta uma palavra. Basta uma palavra, uma frase: uma daquelas frases antigas, ouvidas e repetidas infinitas vezes, no tempo de nossa infância. (...) Uma dessas frases ou palavras faria com que nós, irmãos, reconhecêssemos uns aos outros na escuridão de uma gruta, entre milhões de pessoas"
Enquanto leio, penso no léxico da minha família. Nas histórias repetidas mil vezes. Nas piadas internas, nas dores compartilhadas. Memórias que conferem uma personalidade coletiva só nossa. Eu reconheceria as palavras de cada um deles em qualquer lugar, em qualquer circunstância.
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