#152 Queria ser grande, mas desisti
adulto
adjetivo substantivo masculino
1. que ou o que atingiu o máximo do seu crescimento e a plenitude das suas funções biológicas.
2. que ou quem alcançou a maioridade.
Ser adulto, virar adulto. O que isso significa para você? É um termo conectado à idade? Você chega aos 18 anos e se torna adulto? Ou é um estado mental, uma mudança de atitude? É necessário romper com a dinâmica anterior, do lugar de onde veio? Ser alguém diferente do que os pais permitiam ser? Quais são os requisitos básicos para receber esse título? Tem que ter grana suficiente para se bancar? Tem que morar sozinho? Formar família? Precisa de um emprego formal? De planos de carreira?
Num breve data-meme, vi o quanto a inadequação à vida adulta é um tema da minha geração. Alguns sentem que não mudaram nada, continuam exatamente a mesma pessoa da adolescência, mas sofrem agora com a pressão para construir uma fachada - é preciso fingir que mudou de fase, que é maduro.
Para outros, a responsabilidade pela própria existência assusta. Como é que até ontem tinha alguém para resolver tudo pra mim e hoje tenho que comprar comida, cozinhar, pagar as contas, lavar a roupa, arrumar a casa?
Às vezes me choco com o fato de ser mãe, de já ter mais de dez anos de carreira como jornalista, de levar uma vida bem parecida com a dos meus pais. Mas, logo ao lado desse estranhamento, tem uma parte minha que adora ser adulta. Sinto-me confortável nessa posição, ainda que com muitas obrigações.
Para mim, a entrada na maturidade tem um marco muito claro: a morte do meu pai. Eu tinha 18 anos e, para além da dor, me deparei com várias questões burocráticas. Como meu pais eram separados há muito tempo, coube a minha irmã e a mim a responsabilidade pelo inventário. Foram anos e anos - 14 para ser exata - resolvendo B.O.s em cartórios, em bancos, na justiça. E nesse meio tempo tive ainda que encarar a exumação do corpo do meu pai. Ele estava enterrado num jazigo de uma ex-tia e ela pediu o espaço de volta. E lá fui eu descobrir como resolver a questão. Um resumo: envolve uma super papelada da prefeitura.
Foi um treinamento de choque. Um curso a jato sobre as coisas mais chatas da vida adulta. De uma semana para outra, vi que não podia continuar me apegando às facilidades e mordomias de quando era criança. Esse tempo tinha acabado.
Não foi fácil, mas vejo hoje o quanto esse corte brusco casa bem com a minha personalidade. Não gosto de ficar ruminando em cima de algo que já não pode ser. Voltar atrás, para as brincadeiras, para tardes livres, para tempos sem preocupação não é uma opção. Melhor seguir para a nova fase de peito aberto.
O fim é um movimento
Quais são as pequenas alegrias da vida adulta? - um monte de comentários para nos lembrar de bons momentos ;)
Para se afogar numa nostalgia: como Pacey e Joey, de Dawson’s Creek, moldaram o conceito de amor adolescente na TV
A importância de manter um diário
O difícil crítico interno
Novas edições das irmãs Brontë <3
Os dez contos favoritos de Julio Cortázar
Cursos bacanérrimos para fazer em julho
Como uma cidade volta à vida - um relato de uma Nova York pós-vacinação
Por trás do apocalipse tecnológico - mais uma ótima reflexão do Thiago Guimarães
Série que quero assistir no fds
O vídeo da semana
Por uma discussão política sobre democracia e autoritarismo
A bala perdida encontra sempre um corpo negro
Recebeu a cartinha da semana, mas ainda não assina a newsletter? É só se cadastrar aqui. Também dá pra ler as edições antigas <3 E se quiser me acompanhar: @babibomangelo