#147 Queria ser grande, mas desisti
Pintura de Kai Samuels Davis
Vou lançar um livro. Uma coletânea com os melhores textos destes cinco anos de newsletter. O projeto gráfico está quase pronto e ontem recebi uma prévia. Fiquei emocionada e muito feliz. As cores, as fontes, a ilustração da capa. Tudo mais bacana do que imaginei.
O processo para chegar a isso me encantou. E também me desafiou. Os designers pediram para eu montar dois painéis visuais: um com referências gráficas e o outro com pistas sobre mim.
Escrever e falar da vida, das angústias, dos planos é fácil, faço sempre. Agora, resumir quem sou a partir de imagens foi uma grande novidade. Como traduzir o que se passa na minha cabeça para pessoas que não me conhecem? E isso sem contar com a oportunidade de explicar o significado de cada foto que eu decidisse incluir.
Olhei por um bom tempo para uma pasta vazia. Qual recorte contaria? Quais eram os itens essenciais da minha personalidade? Como não cair na armadilha de montar um catálogo idealizado, de uma pessoa que eu gostaria de vender para o mundo? A saída foi não me levar tão a sério e selecionar as imagens sem racionalizar cada elemento. Lembrei, vi, gostei, coloquei na pasta.
Escolhas feitas, analisei meu inventário de gostos e tive sentimentos ambivalentes: encontrei muito de mim ali e ao mesmo tempo não vi nada. Tem tanta gente que gosta de John Travolta, distopias, tatuagens. Como isso me diferencia? Será que a junção de todas essas coisas é que torna tudo especial? Sou especial? Preciso ser especial?
Impressionante como um simples exercício de definição mexeu comigo. A sensação é de que nunca teremos acesso total a quem somos e nunca conseguiremos transmitir para os outros a complexidade de estar na própria pele.
Para quem ficou curioso, aqui está o produto final da versão de mim mesma que escolhi compartilhar.
Ainda tem alguns passos pela frente, mas a ideia é lançar o livro no segundo semestre por meio de um projeto de financiamento coletivo no Catarse. Vou avisando vocês ;)
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