#145 Queria ser grande, mas desisti
Ilustração: Rebecca Mock
Conhecimento leva tempo, às vezes uma vida inteira. É um processo contínuo, cansativo. E que nos lembra constantemente de nossa posição de aprendiz neste mundo. Não é um lugar confortável, pelo menos não para mim. Eu gosto de chegar sabendo, de ser referência. Quando me deparo com situações novas, me esforço para absorver tudo na velocidade da luz. Para não dar trabalho a ninguém. Para me enxergar no controle das coisas.
A duras penas, venho aprendendo que alguns saberes não aceitam correria. Exigem um desvendar lento. Impõem começar do começo, passar pelo meio e nunca chegar ao fim. A maternidade é um bom exemplo. Os estudos literários e de outras áreas de humanidades também. Os filhos estão em constante mudança. A produção cultural e social em eterna construção.
Em busca de uma base teórica para entrar num mestrado em Letras, fico angustiada com o quanto não sei. São lacunas óbvias - não estudei nada disso na faculdade. Ainda assim, me sinto em falta. Quero engolir o mundo, entender as motivações, paralelos, contextos. Impossível. Não vou chegar lá. Esse lá é muito alto e distante.
Então, como resolver a questão? Começando, confiando no processo. E reconhecendo o quanto já sei. Porque já sei uma quantia considerável, poxa. Depois de tantos anos lendo e me envolvendo com os escritos dos outros, consigo ver conexões, pescar referências. Que delícia foi reconhecer num dos livros da tetralogia napolitana os desafios trazidos por Ulysses, de James Joyce. Ou as infinitas menções que aparecem por aí à Anna Kariênina, às peças de Shakespeare, à Divina Comédia.
É preciso ser humilde, mas sem desconsiderar o que já foi alcançado. Um equilíbrio difícil em meio a tantas cobranças por perfeição, por produtividade. Lutar contra o ritmo alucinado de nossos tempos é uma batalha necessária.
Ótimo episódio de podcast sobre pessoas que fazem mil coisas ao mesmo tempo, que têm múltiplos interesses \o/
Dias de rainha, dias de nadinha
Carta de amor aos ermitões - Giovana Madalosso certeira sobre a mistureba de sentimentos que virou nossa vida
Seja o apoio que te faltou <3
Quando o amor te salvou?
Alguns lembretes da natureza
Uau! Que foto
Alerta de curso bacana: As mulheres que escreveram Nova York - começa em maio e já estou inscrita ;)
Encantada com esta edição pra lá de caprichada de Um quarto só seu, de Virginia Woolf - nova tradução do ensaio conhecido também como Um teto todo seu
E não vejo a hora de chegar em casa Os diários de Virginia Woolf - ainda dá para comprar na pré-venda
Aqui tem como dar uma espiada em algumas entradas do diário
Sobre BBB: como um reality show mofado foi reapropriado por um país sedento para jogar em equipe
Venho acompanhando a onda de protestos nos Estados Unidos contra os ataques a asiáticos e me deparei com um texto importante sobre a distorção que fazemos de seus nomes por acharmos "complicados" - e como isso abala profundamente a identidade dessas pessoas
Como acolher o luto do outro
Segure a onda na Páscoa e não se encontre com ninguém que não more com você. É um ato enorme de respeito ao próximo e à comunidade
Recebeu a cartinha da semana, mas ainda não assina a newsletter? É só se cadastrar aqui. Também dá pra ler as edições antigas <3 E se quiser me acompanhar: @babibomangelo