#141 Queria ser grande, mas desisti
Ilustração: Christopher DeLorenzo
Gosto das coincidências da vida. Das grandes e também das inúteis. Como as conexões curiosas entre coisas que leio, ouço e assisto. Um assunto aleatório se repetindo e se desdobrando. Citado por pessoas diferentes, em ambientes estranhos. Quando noto as ligações, sinto como se espiasse por um segundo a teia que une os pensamentos infinitos do mundo.
Um exemplo: o vento de Santa Ana. Uma força da natureza presente na Califórnia. Conhecida por alimentar incêndios monstruosos e também por ser uma importante personagem do filme O amor não tira férias. Pois é, o vento de Santa Ana é mencionado algumas vezes na história das duas mulheres - Cameron Diaz e Kate Winslet - que trocam de casa depois de quebrarem a cara no amor. Um clássico.
Assisti de novo neste começo de ano e lembrei como gosto da sacada de um vento ser a indicação de viradas na trama. Kate Winslet sente o Santa Ana pela primeira vez e recebe a explicação de que o sopro traz mudanças. Dali umas cenas vem o vento de novo e é quando ela percebe estar se apaixonando por alguém bacana, finalmente. Fofo, poético.
Bom, e daí? E daí que dois dias depois dessa sessão Netflix recebi o livro Rastejando até Belém, de Joan Didion. Mal tirei da caixa e já parti para a leitura. E como é que começava o primeiro ensaio? Com uma importante menção ao vento de Santa Ana.
"... uma Califórnia mais severa, assombrada pelo Mojave do outro lado das montanhas, devastada pelo calor e pela secura do vento de Santa Ana, que desce pelas encostas a 160 quilômetros por hora, ruge pelos quebra-ventos de eucalipto e dá nos nervos"
Tem algo acontecendo, não tem? Decidi, então, escrever este texto em celebração. Rascunhei, mas deixei de lado por uns dias. Até que ontem, quinta-feira, dei play no último filme da série Para todos os garotos. E nos primeiros minutos fui presentada com mais uma conexão inútil: o termo meet cute - jargão de cinema para o primeiro encontro de um casal que já já vai se formar. Lara jean ensina que um bom meet cute é receita certa para um bom relacionamento. E onde é que eu tinha ouvido falar disso primeiro? Em O amor não tira férias. Juro!
Sabe o que isso significa? Absolutamente nada. Mas não vou negar a paz de ver um ciclo se fechando, ainda que só na loucura da minha cabeça e envolvendo comédias românticas.
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