#133 Queria ser grande, mas desisti
Ilustração: Sushama Patel
Escrever é exercício, é comparecer mesmo quando parece que não há nada a ser dito. É rascunhar, deletar, modificar. É seguir em frente com as palavras porque aquilo que está dentro precisa sair e talvez até compartilhado. Pode ser que venha em formato de desabafo, de planejamento, de conversa. Qualquer coisa vale - o papel e a tela do computador aceitam de tudo, mas gostam mais quando aquilo que aparece é íntimo e verdadeiro.
Escrita para mim é tudo isso aí. É algo que já faz parte da minha vida há tanto tempo que eu não reconheceria uma existência em que não fizesse registros do que penso. Mas, mesmo entendendo a importância dessa prática para o meu equilíbrio emocional, não é sempre que encontro tempo para escrever.
A desculpa é aquela básica: maternidade + trabalho fora + afazeres da casa. Uma justificativa legítima, é claro, mas que não me deixa satisfeita. Escrever é a forma como eu faço sentido do mundo e não poder transbordar em palavras com a frequência que eu gostaria... me deixa bagunçada. Porque a escrita tem disso: o poder de clarear o fluxo imenso de informações que estão por aí.
E não estou falando necessariamente de uma escrita organizada, literária, jornalística ou acadêmica. Estou defendendo aqui qualquer tipo de texto, desde que seja o texto que eu - ou você - estamos precisando. Você: pessoal normal, vida normal, escrita normal. Escrever não tem que ser algo só para quem "escreve bem" ou para quem quer fazer algo com o produto final. Escrita é ferramenta de autoconhecimento e pode servir a qualquer um que topar o desafio.
Esta semana, por exemplo, encarei o exercício de páginas matinais proposto pela Julia Cameron em seu livro O caminho do artista. A ideia é você sentar todo dia, de preferência logo que acordar, e escrever três páginas. Qualquer coisa vale, o importante é separar alguns minutos para assentar um pensamento no papel.
Eu já tinha ouvido falar dos milagres de escrever assim todos os dias, mas não tinha tentado porque não enxergava NENHUMA possibilidade de ficar sozinha com um caderno em meio às atividades diurnas com meu filho. Daí vieram as meninas da Contente e deram um empurrãozinho - tiraram a imposição de escrever assim que os olhos abrem e antes de fazer qualquer outra coisa. Aí eu vi vantagem, aí começou a ficar possível.
Na quinta-feira, aproveitei, então, os momentos que o Joca estava comendo seu milho verde de café da manhã, peguei minha lapiseira 0.7, meu caderno com capa de constelações e saí rabiscando. As três páginas brotaram bem rápido, com as impressões de um texto que tinha lido para uma aula sobre Machado de Assis - e o simples ato de passar para o papel fez que eu entendesse alguns pontos que eu não tinha conseguido conectar até ali.
Não sei quanto tempo vai durar, se vai se tornar um hábito ou não. Sei que vou lutar por esse momento porque vi o bem que me fez. Como é gostoso escrever sem me preocupar se está bom, se tem erros, se faz sentido, se é útil. Tenta aí e me diz se funcionou para você também ;)
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