#127 Queria ser grande, mas desisti
As pessoas me julgam mais forte do que eu realmente sou. Sei que seguro bem a barra, que passo por momentos complicados com otimismo e firmeza. Enfrento algumas dores sem desmoronar, mas eu não sou inabalável.
Quando era mais nova, eu até gostava de passar a impressão de fortaleza. Hoje, não. Não vejo motivo. Quebrar na frente de quem eu amo é um jeito de receber ajuda, de ser acolhida. E agora me vejo dizendo, sem pudor, que determinada situação me deixou mal, que chorei bastante, que fiquei sem chão.
Um exemplo disso aconteceu há duas semanas quando minha mãe foi diagnosticada com um câncer de mama agressivo, ainda que pequeno. Ela passou por uma cirurgia no começo de agosto e anteontem fez a primeira sessão de quimioterapia.
Os primeiros dias que se seguiriam ao diagnóstico foram de profunda angústia. Eu não sabia o que fazer, nem onde colocar o medo que eu estava sentindo. Chorei durante as madrugadas e acordei muitas vezes o meu marido para conversar. Despejei tudo que se passava pela minha cabeça e ele pacientemente ouviu e me deu suporte. Mas eu precisava mais, de mais gente, de mais carinho, eu ansiava por uma verdadeira rede de apoio. E o que eu fiz? Fui atrás.
Contei o que estava acontecendo e como eu estava me sentindo. Pedi orações, pedi amparo. Falei dos exames que estavam por vir - um deles em especial diria se o câncer tinha ou não se espalhado. Aguardamos todos juntos pelo resultado. Gente que nem conhece minha mãe, mas que estava lá torcendo.
Gosto de acreditar que a energia dessa comunidade contribuiu para o resultado: o câncer não se espalhou. Ainda temos as sessões de quimio pela frente, mas agora sei que andamos acompanhadas.
Deixo aqui meu agradecimento a cada amigo que abriu espaço para a minha dor. Meu coração duro e arredio se sentiu amplamente compreendido <3
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