#126 Queria ser grande, mas desisti
Ilustração: Mienar
Comecei um novo curso de literatura, desta vez sobre obras contemporâneas. E assim que terminou a primeira aula, senti aquela sensação boa de ter feito algo bacana por mim mesma. Estudar vem sendo um dos melhores investimentos, de grana e de tempo.
Venho procurando por coisas que sempre me interessaram, mas também estou aberta a temas que nunca tinham cruzado o meu radar. Há algumas semanas, acabei me jogando, por exemplo, num curso sobre livros russos infantis publicados na década de 1920 (!). Saí da experiência encantada e cheia de vontade de saber mais.
Os estudos livres vêm alimentando o desejo de algo mais extenso e aprofundado: um mestrado. Para mim, é uma novidade falar e pensar sobre isso. Até pouco tempo, eu me via como inadequada para o mundo acadêmico. Eu não me dediquei a projetos de pesquisa durante a faculdade de Jornalismo, não tenho tanto tempo disponível entre a criação de um filho e meu trabalho remunerado, não estou habituada a termos cabeçudos e teorias complexas.
As justificativas acima estavam tão entranhadas na minha cabeça que eu nem sequer pesquisava as possibilidades de pós-graduação na área de Letras. Partia da ideia de que não existia nada bacana para mim. Segui assim até que comecei a fuçar a biografia de alguns críticos literários que gosto e quase sempre estava lá: mestrado/doutorado em Literatura Comparada e Teoria Literária.
Fui atrás de informações e me empolguei, era aquilo que eu gostaria de estudar. Só que junto veio o medo e a boa e velha autossabotagem: será que sou capaz de algo assim? O processo é longo, é preciso saber mais ou menos o tema para a pesquisa, e já ter uma noção de quem poderia ser o orientador. Confesso que a primeira vontade foi de desistir.
O que me empurrou para fora desse buraco de incertezas foi uma live da Tamy Ghannam com a Fabiane Secches, psicanalista, crítica literária e minha professora no curso de autores contemporâneos. Bem no começo da conversa, as duas falaram justamente sobre o retorno à universidade e os caminhos um tanto intimidadores que envolvem a admissão. Vi que muita coisa que eu pensava era besteira, algumas nem tanto, mas a mensagem que ficou foi a de que é possível, sim. Com dedicação, é claro, mas possível.
Quem também fala muito sobre percursos acadêmicos "não-tradicionais" é a Gabi Barbosa. Ela me ajudou a afastar ainda mais a ideia de que existe "O" perfil acadêmico correto. Se você está precisando de um empurrão, recomendo fortemente que dê uma olhada nos vídeos dela.
Bom, tudo isso para dizer que criei coragem e dei o primeiro passo: me inscrevi para uma vaga como aluna ouvinte em uma das disciplinas do mestrado na USP. Deu tudo certo e em setembro começam as aulas. Essa é uma rota que muita gente recomenda para entender um pouco mais sobre a dinâmica e quem sabe vislumbrar um tema para uma futura tese. Torçam por mim ;) Terei uma carga imensa de leituras pela frente.
Você já ouviu falar de universidade pessoal? É um termo que aprendi na semana passada por meio da Carol Miranda e que foi criado por outra mulher super interessante, a Thais Godinho. Ela conta, tanto neste vídeo como neste post, que universidade pessoal é o nome para os estudos autodidatas que ela se propõe a fazer. A ideia é a gente mesmo se organizar para saber mais de algum ou de vários temas. Isso pode acontecer através de um livro, de um curso livre, de uma série de podcasts. Fiquei bastante encantada porque, assim como a Thais, eu tenho muitos interesses. Gosto de estudar literatura, bordado, Revolução Russa, astrologia, culinária, pedagogia. Ou seja, nenhum curso no mundo vai dar conta de satisfazer tudo isso.
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