#125 Queria ser grande, mas desisti
Ilustração: Loré Pemberton
Quanto vale uma foto hoje? Qual a importância que você dá para as mil imagens que coleciona no rolo da câmera do celular? Algumas a gente nem sequer chega a ver novamente - bate e deixa lá, só constando na memória eletrônica. Outras reaparecem apenas por causa do lembrete dos aplicativos - que tal esta foto aqui de um ano atrás, que tal postar novamente?
Mas houve um tempo em que as fotografias eram praticamente uma relíquia, um objeto precioso. Quase sempre porque eternizavam alguém amado que já não estava mais presente e que tinha deixado para trás apenas poucos rastros.
Fui lembrada disso ao receber uma mensagem inusitada no meio da semana. Uma amiga do meu pai me encontrou no Instagram enquanto procurava por ele no Google. Ela se apresentou e comentou com tristeza o fato de que não tinha nenhuma imagem dele e que não achou quase nada pela internet - meu pai morreu há 16 anos, então bem antes do Facebook ou qualquer coisa do tipo fazer sucesso por aqui.
De imediato, entrei na minha pasta e encaminhei uma das últimas fotos que tenho com ele, uma em que estamos na minha formatura do colegial. Uma imagem tantas vezes vista por mim, mas uma novidade para essa amiga, que logo ficou emocionada.
Pensei na estranheza disso tudo: você gostar tanto de alguém, mas de repente não ter mais nada que possa te ajudar a lembrar do rosto da pessoa. E nesses casos não há memória que ajude, chega um momento em que ela falha, em que aquela lembrança antes tão vívida se apaga.
O lado bom da enxurrada de fotos que se tornou nossa vida atual é que o Joaquim com certeza terá muitos registros de nossa vida juntos. Muitas e muitas imagens em família, das nossas brincadeiras, das viagens, até mesmo dos machucados.
Sei que tê-las não é garantia de que o Joca vai conseguir acessá-las daqui algumas décadas - vai saber o rumo que a tecnologia vai levar, não é mesmo? Por isso, tenho feito um esforço para criar álbuns de papel e, em outra frente, arranjar um modo melhor de arquivar os textos que escrevo sobre ele, sobre mim. São essas as relíquias que quero deixar de herança <3
Além de fotos e textos, pretendo guardar meus livros favoritos para que um dia eu possa ler junto com meu filho. Quem me acompanha por aqui sabe da minha paixão por literatura, então é impossível não falar da campanha #defendaolivro. O que acontece é que a primeira parte da proposta do governo para a Reforma Tributária prevê o fim da isenção de impostos para o setor de livros. E isso significa o quê? Significa que os livros, que já são considerados caros, ficarão com o preço mais alto - podendo, assim, inviabilizar o trabalho de editoras pequenas, por exemplo. Para entender melhor a questão dá uma olhada nesta reportagem.
A cultura precisa ser acessível ao maior número de pessoas. E não, não acredito que apenas deixar de taxar livros vá resolver o problema - porque, né, a isenção tá aí e muita gente ainda não lê - por uma questão de opção ou por falta de oportunidade. Mas não entendo a lógica de aumentar os impostos para alguns setores quando a promessa era simplificar e reduzir. Enfim, se você concorda que não é uma boa ideia, que tal assinar esta petição?
Uau! Encantada com essa coleção de livros de autoras que tiveram que usar pseudônimos para serem publicadas
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Querendo ler estes livros aqui - só me falta tempo e dinheiro ¯\_(ツ)_/¯
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Lendo:
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E terminei esses dias Segredos, de Domenico Starnone - fininho e com uma história que te prende até o fim
Assistindo:
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