#120 Queria ser grande, mas desisti
Ilustração: Cloudy Thurstag
Está aberta a temporada em que o sol passa pelo signo de câncer. Para mim, e para tantas pessoas que nasceram nestes próximos dias, a sensação é de recomeço, de um ciclo novo se abrindo. E não consigo deixar de me sentir assim, mesmo em meio a uma pandemia que não parece ter um prazo para acabar.
Nem sempre gostei de ser canceriana. O que mais me incomodava naquelas listas de características que lotavam as revistas adolescentes era o rótulo de chorona. Que signo fraco, eu pensava. E eu queria ser forte, queria ser de sagitário.
Alguns comportamentos até faziam sentido para mim: o gosto por coisas antigas e pelas memórias, e também a intuição aguçada. Agora, o resto... ser considerada dramática, manipuladora e excessivamente maternal. Posso até ser assim em MUITOS momentos, mas eu sou só isso? Não posso desenvolver nenhuma outra característica ou anular as que eu considerar negativas, conforme for amadurecendo?
Bom, como não dá para mudar a hora e o dia de nascimento, segui sendo uma canceriana um tanto relutante. Até que comecei a estudar mais sobre astrologia. Fã dos astros eu sempre fui, mas o que eu sabia era absorvido por meio de rápidas previsões encontradas pela internet e, mais recentemente, pelo instagram.
A virada foi quando uma amiga comentou de um curso de astrologia poética, com uma pegada muito menos determinista e zero voltada para as qualidades e defeitos de cada signo. Pronto, me inscrevi na hora. E foi uma das coisas mais gostosas que eu já aprendi.
De lá pra cá, o que mudou na minha relação com a astrologia foi passar a ver esse saber como apenas mais uma ferramenta de autoconhecimento. Olhar para o mapa astral deixou de ter aquele peso de ser um traçado gravado no céu que mostra a pessoa que eu sou ou serei, algo do qual eu não consigo escapar.
Com a ajuda da professora, vi que os planetas, as casas, os signos são só o começo de uma conversa. Estão ali para a gente se perguntar como aquelas energias são vistas nas nossas relações, nas nossas feridas. Tem muitas coisas que não vão fazer sentido, e tá tudo bem. Está liberado aproveitar apenas o que se encaixar naquele momento. Cada encontro com o nosso mapa astral é único, porque estamos diferentes a cada dia.
Então, não é preciso se agarrar somente ao signo solar, ao ascendente, à lua. Temos muito a aprender com o movimento geral dos astros, por todos os signos, por todas as casas. É preciso aceitar melhor os ciclos, entender que temos fases, vibrações e ânimos diferentes, tão variados quanto o zodíaco.
Para quem quer se aventurar num livro de astrologia, esse aqui é bem legal para começar: Os astros sempre nos acompanham, de Cláudia Lisboa.
Falei lá no instagram sobre o curso que comecei esta semana: a construção da personagem feminina em 10 obras, ministrado pela Fabiane Secches e pela Juliana Cunha - duas mulheres que têm dado aulas muito interessantes sobre literatura. Na próxima aula, vamos falar de Mulherzinhas e de Franny & Zooey <3
Os escritores perante o racismo - um texto de José Saramago
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Fiz essa receita de cookie e deu muito certo \o/
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