#117 Queria ser grande, mas desisti
No 45º dia sem sair de casa, eu pintei o cabelo de rosa.
Era uma ideia que ia e vinha, mas que eu não colocava em prática por receio do que iriam pensar, principalmente no trabalho. Será que veriam ali uma atitude infantil, não-profissional?
Só que na quarentena essas questões deixaram de fazer sentido. Eu não faço videoconferência, ninguém vai me ver por um tempo. Então, comprei a tinta, passei nas pontas e me diverti pra caramba.
Pintar o cabelo é um portal direto para a adolescência. Eu tingia MUITO o cabelo. Com papel crepom, com tonalizante, com tinta para valer. Adorava a sensação de colocar algo na cabeça e dali a uns 40 minutos me sentir uma pessoa completamente nova.
E pensar nisso me fez ver como ao longo do tempo fui me preocupando além da conta com o que as pessoas possam achar da minha aparência. Eu, sinceramente, imaginava que não me importava tanto. Mas vi que não, né? Já que estava deixando de fazer algo que eu queria, e que eu entendo como bonito, por conta dos outros. Os outros - esse conceito tão abstrato e limitante.
Vejo que tem um montão de gente percebendo o mesmo e se permitindo testar coisas diferentes. Você já deve ter visto na timeline pelo menos uma pessoa que cortou o cabelo curtinho ou até mesmo raspou tudo de uma vez. A Thaís Farage, por exemplo, contou em seu podcast que resolveu raspar a cabeça e deixar os cabelos brancos crescerem porque, sem sair de casa, não vai precisar ouvir palpites indesejados sobre os grisalhos.
A Jô Moura falou sobre esse tipo de conselho passivo-agressivo que, mulheres como ela, recebem quando decidem deixar os fios brancos à mostra. É um resquício da ideia de que devemos nos manter "atraentes" para os homens ou, então, perderemos o propósito de nossa vida. Para Joana, o cabelo grisalho está bem longe de ser sinônimo de desleixo - ela encara como um acessório pra lá de charmoso.
A Pri Josefick, que também raspou e pintou a cabeça, resumiu muito bem o que eu ando sentindo:
“Esses dias minha ficha caiu de que eu nunca me senti tão livre estando tão presa. Eu não preciso da aprovação de ninguém para achar se eu estou bonita ou feia, eu me arrumo todos os dias para mim! E se eu não to afim, fico de pijama mesmo. (…) Eu raspo o cabelo, pinto de rosa, fica manchado e tudo bem, porque ninguém se importa, raspo de novo, esqueço que está na lâmina zero, fico muito puta e depois dou risada, já já cresce de novo e não é que eu continuo bonita?”
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