#105 Queria ser grande, mas desisti
Ilustração: Bethany Stancliffe
2019 acabou e eu ainda não sei dizer se foi um ano ruim ou bom. Não que precise se encaixar em apenas uma categoria, mas nós, normalmente, sabemos bem o saldo de cada período. Acontece que 2019 me deixou confusa. Tudo aconteceu tão rápido, de forma tão intensa, que falta muita coisa decantar aqui dentro.
Foi um ano de ataques intensos ao jornalismo, profissão que escolhi sem muita expectativa, mas que vim a me apaixonar e hoje é difícil me imaginar em outra carreira. Mas ver o trabalho que eu faço desacreditado o tempo todo é pesado. Cobrir notícias ruins é pesado. Trabalhar em horários malucos e fazer plantão aos finais de semana e feriados: pesado.
Por outro lado, são os tempos nebulosos que nos fazem crescer. E isso é bem verdade para mim. Foi um ano em que tive grandes oportunidades - fui promovida para uma vaga importante e pude me dedicar a projetos paralelos que muito me interessam.
Na vida fora do trabalho, mais sentimentos misturados. Joca começou na escolinha e junto com as incríveis descobertas vieram milhares de doencinhas. Nada grave, mas para pais de primeira viagem tudo é preocupante. Passamos noites e noites tentando acalmar uma tosse, uma dor de barriga, uma dor de ouvido.
Só agora estamos saindo dessa fase punk. E que alegria é ver ele saudável, brincando o tempo todo. Com dois anos e meio, já arrisco dizer que ele é um menino incrível. Tem um senso de humor único e um paladar bem estranho. É pacífico, amoroso e curioso.
Muitas vezes me pego olhando para ele sem acreditar que foi gerado dentro de mim. Eu ainda me surpreendo ao pensar que sou mãe, que sou uma das responsáveis por guiá-lo nesse mundo. E no final é isso: tanto faz o saldo do ano em outras áreas, o que me importa mesmo é ver o tanto que construímos como família, como parceiros de vida. O paraíso são os outros, já dizia Valter Hugo Mãe.
Os últimos dias foram de descanso e também de trabalho, mas consegui ver filmes e séries que estava adiando há algum tempo.
O que eu gostei: Dois Papas, Reparação, Filmes que marcam época, Star Trek: Discovery, O amor não tira férias, O Irlandês
Não gostei: Star Wars: A ascensão Skywalker
E por fim, separei os 25 títulos que eu quero dar conta de ler em 2020. Não é uma relação definitiva. Vira e mexe acrescento livros que acabaram de ser publicados ou grandes indicações que pesco por aí - e você vai perceber que vários foram resgatados da lista passada. O fato é que planejar me ajuda demais na hora de escolher a próxima leitura. Publiquei agorinha um vídeo contando como me organizo para ler tudo que tenho vontade.
1. Ulysses, James Joyce
2. Persuasão, Jane Austen
3. As cavernas de aço, Isaac Asimov
4. Os Buddenbrook, Thomas Mann
5. A redoma de vidro, Sylvia Plath
6. O Nome da Rosa, Umberto Eco
7. Almas Mortas, Nikolai Gógol
8. Detetives Selvagens, Roberto Bolano
9. Sobre os ossos dos mortos, Olga Tokarczuk
10. Stoner, John Williams
11. Lolita, Vladimir Nabokov
12. Torto arado, Itamar Vieira Júnior
13. Um teto todo seu, Virgínia Woolf
14. The White Album, Joan Didion
15. Cartas a um jovem poeta, Rilke
16. Por que ler os clássicos, Italo Calvino
17. As Alegrias da Maternidade, Buchi Emecheta
18. Space Invaders, Nona Fernández
19. A mercadoria mais preciosa, Jean-Claude Grumberg
20. Reparação, Ian McEwan
21. Trilogia do Adeus, Carrascoza
22. Pais e filhos, Ivan Turguêniev
23. A ridícula ideia de nunca mais te ver, Rosa Montero
24. Memórias da plantação, Grada Kilomba
25. Duna, Frank Herbert
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